sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Amores na Praça

Em noites assim de um domingo qualquer, em recantos bucólicos nas praças e nas ruas do Recife, os amantes ainda trocam beijos e promovem o intercâmbio dos afetos. Nada mais salutar! Pras bandas do Derby, nos domínios da Brigada, o baixinho acariciava a mulher grande e mestiça, amorenada da tez e arabizada de corpo. Mais pra frente, no Parque Amorim das tradições dos papa-figos, o homem negro, de bigode bem aparado, roubava da branca mulher o ósculo das despedidas, num abraço forte de quebrar as costelas. E, finalmente, defronte ao velho Pronto Socorro, o jovem derramava-se em carinhos pela amada amadurecida nos anos. Cumpria-se assim, num ritual dos afagos a terminalidade do domingo, a finitude do dia santificado, dantes dedicado à guarda.

Outrora, também, nas alamedas escuras do parque 13 de Maio na boquinha da noite os meninos se encontravam com as namoradas, alunas tantas vezes da Escola Normal ou estudantes outras vezes do Colégio Pinto Junior. Passeava-se de mãos dadas, enlaçadas, pra lá e pra cá, andando com os pés e as fantasias nos caminhos de pedra. Depois, era a hora de sentar para fiar conversa, para saber das aulas e dos recreios, dos receios, sobretudo, das indagações proibitivas dos antanhos. Juras de amor preencheram os ares do parque por anos seguidos, carregando de esperanças o imaginário de muita gente, das meninas especialmente, mas dos meninos também. Muitos amores morreram ali, na fonte das águas coloridas! Deixaram plantadas por lá, todavia, as árvores de todas as saudades, a brotarem no pistilo das flores e no mês de maio, o das noivas, as sementes das lembranças.

Em dezembro instalava-se no parque a Festa da Mocidade, encantando a todos, crianças e adolescentes, meninos e meninas, adultos barbados e babados com a beleza das mulheres de fora, vedetes do teatro de rebolado. Às sete da noite, todos os dias, com lua ou sem lua, a moçada ultrapassava os umbrais da fantasia e assumia essa vida diferente, de lazer o tempo todo. Os jogos de azar não, estavam reservados à maturidade, mas, vez ou outra, quando se distraia o soldado de plantão ali quase permanente – o Marcha-Lenta –, o pessoal arriscava um trocado. Perdia, sempre! Às nove, infalivelmente, chegavam as vedetes e o desfilar daquela mulherada exótica em direção ao teatro era um ritual dos mais acompanhados, uma liturgia da sensualidade. Em casa recomendava o pai os cuidados habituais. Tudo, menos freqüentar a peça teatral! Tinha escrito no JC horrores contra as manifestações assim, da carne. A consciência doía, mas se assistia ao espetáculo todas as noites! A proibição do juiz de menores era debalde, pois que seu preposto, investigador do juizado, era um moleirão e a enrolada comia no centro. Uma entradinha rápida, coisa de cinco minutinhos, nada mais e a noite estava feita.

Vale a pena rever tudo isso. Tudo é válido quando o coração comanda o espetáculo!

(*) - Um artigo contando o que se passa nos parques do Recife, quando o domingo vai fenecendo e a noite encobrindo o tempo. Os amores florescem nos cantos ou nos recantos.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Um Domingo no Recife

Os antigos domingos do Recife eram bem diferentes desses de hoje! Dia de se juntar a família e de se fiar conversa com a parentada toda, atualizando a temática do inteiramente mundano. Tempo de parar e rever na paróquia do bairro ou na matriz do centro os pecados da semana, um a um contados ao cura, da forma a mais cochichada possível, contanto que não se pudesse ouvir da fila as faltas e as falhas. A penitência, determinada pela gravidade dos pensamentos, das palavras e das obras, era cumprida à risca! Três padre-nossos e três ave-marias. Intervalo mais que sabático para se fazer a demorada leitura dos jornais, com especial atenção ao caderno literário e aos fatos do esporte. O Santa Cruz jogando com: “Jorge de Castro, Aldemar e Edinho”. Momento reservado ao almoço diferenciado, da galinha de cabidela ainda não vulgarizada, selecionada no terreiro de casa dentre aquelas fora da postura e do choco, servida à mesa com sangria de bom vinho.

Quando o dia amanhecia ouvia-se de todo lado o repicar seguido dos sinos da cidade, um aqui e outro ali, alhures também, chamando os fiéis, que às vezes eram mais do que infiéis, para as missas. De casa, um périplo saia às ruas! Os meninos e as meninas à frente para serem vistos pelos pais mais atrás e finalmente, naquele séqüito que antecedia a liturgia e o rito, a avó e as tias, lentamente, como andam, ainda hoje, os velhos bem velhos. Na igreja era preciso ocupar mais de um banco para caber tanta gente! Os filhos, todavia, ficavam sob o rigoroso cuidado do pai e da mãe, metade para cada um, com o objetivo de aprenderem adequadamente o comportamento durante o ato da canônica liturgia. Nas passagens de maior significado a constelação familiar se ajoelhava, menos a avó e a tia velha, dispensadas pelo monsenhor, Camareiro Papal como era, do sacrifício dessa posição respeitosa. E cada qual portava um livro de orações, mais ou menos volumoso, a depender da idade. Todos, porém, traziam o terço, mas poucos os que se ocupavam com os mistérios: uns gozosos e outros dolorosos. Eu não gostava da forma como se classificavam os mistérios – os gozosos especialmente – achava sujo chamar assim. Não sabia as razoes da sujeira, entretanto!

O resto da manhã de domingo era preenchido quase sempre por um filme, no São Luiz ou no Moderno, a cuja sessão, mesmo que matinal, obrigava-se o paletó e a gravata. E não era muito raro pedir a um amigo emprestada uma peça assim de roupa, para compor a indumentária ou jogar do primeiro andar do cinema o paletó surrado para integrar outra vestimenta, enganando o porteiro. Dramas de amor encheram as telas e molharam a face de muita gente, deixando gravadas as letras chorosas das perdas irreparáveis: “Por que não paras relógio/Não me faças padecer...”. É possível que alguns introjetassem essas rupturas, antecipando os danos do amor que a vida muitas vezes reserva! Nas poltronas da platéia, invariavelmente, os casais enamorados trocavam juras e faziam promessas nunca vãs, roubavam os primeiros ósculos e ensaiavam os afetos dos inícios, de cujos começos emergiram amores perpetuados ainda.

Quando a tarde amornava o dia, expondo as árvores em grandes sombras, instalava-se a pelada ou o rasga, como se chamava esse tempo da bola. Juntavam-se os meninos todos da redondeza e um deles, o dono da bola, de borracha ou de couro, era invariavelmente escalado. Uns jogavam muito bem e outros muito mal. De todos, ninguém deu pra gente, isto é nenhum seguiu a carreira do futebol e na escalada da vida tiveram que trabalhar duro, amealhando centavos. Quem atrasado chegasse virava juiz e com o apito expunha à galhofa a mãe e a outros ancestrais assemelhados. A rua, inicialmente de terra batida, recebeu a modernidade que o asfalto trás e muito samboque de dedo foi arrancado nos chutes a gol, os quais se bem sucedidos valiam as feridas e as dores. Isso tudo a vizinhança renegava, porque a bola varava os ares e ia cair nos quintais alheios, provocando a ira da gente local e as lições de moral se sucediam, das casas que ficavam às margens do improvisado campo, sem grama e sem barra que fosse!

À noite, o cinema do padre! Mas isso é outra história! E outros quinhentos cruzeiros.

Uma crônica escrita há muitos anos atrás, no tempo do cruzeiro e nos dias de inflação. Um texto que lembra um domingo em meados do século XX, com um ritual de dia santificado completamente diferente de agora e com uma liturgia obrigatoria, sempre, aos sofridos penitentes de então, inquietos com a possibilidade, mínima que fosse, do pecado. E do pecado contra a carne ou a favor da carne, porque nada pode ser mais fraca. Comente também para pereira@elogica.com.br



E os meus domingos de infância se foram, encantados pra trás na esteira dos anos. Quase todos se transferiram desse mundo de Deus e dos homens e terminaram na dimensão do eterno. Que pena! Comente também para pereira@elogica.com.br

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Mulheres já Vou!

O cinema pertencia ao Padre Sales ou ao Monsenhor Doutor Francisco Apolônio Jorge Sales, como gostava de ser tratado, Camareiro Papal por derradeiro, título do qual muito se orgulhava. Era o Cine Soledade e cumpria a missão educativa de exibir películas de conteúdo sério, enredos suficientemente capazes de servirem à formação dos jovens e à reflexão dos adultos, como aquele da inauguração, quando apresentou o filme: O Coração. A história retratava a vida de um jornalista da imprensa diária e mostrava um de seus dias de grande cansaço, de exaustão quase, impedindo-lhe de escrever a crônica da manhã seguinte. O filho vendo o pai assim, exaurido, terminou sentando-se à máquina e exercitando a criação, deixando-lhe no dia seguinte perplexo e satisfeito com a ato e o fato. Impressionei-me com isso, confesso e sai meio perturbado com a minha incompetência para repetir o feito! Tendo recebido depois de meu pai a obra correspondente, escrita por Edmundo de Amicis, tomei aquilo como sugestão para a vida, a de contribuir também, de alguma forma, para a família e até a de substituí-lo na precisão da hora! Eu tinha dez anos apenas, vejo agora, relendo a dedicatória paterna e era incapaz mesmo para qualquer coisa! Mas, os tempos passaram e um belo dia pude realizar o desejo pueril, o de ajudar o jornalista no batente! Escrevi três de suas crônicas, mas não agradei, inteiramente: “Não escreva mais! O seu estilo é outro! Você diz umas coisas que eu não digo!”. E era isso mesmo! Não podia ser diferente! Mas, cumpri o desiderato filial!

O pároco da Soledade, porém, brindara a família toda com permanentes que davam acesso gratuito às sessões noturnas e às exibições vespertinas e eu fui inúmeras vezes à platéia assistir a um sem número de filmes. Vi de um tudo, dentro dos limites sempre das recomendações do cura. Outras fita, em tudo diferentes, à semelhança daquelas de Brigitte Bardot, como foi Europa de Noite, tinham que ser vistas no Trianon ou no Art Palácio, mas o resto o Cine Soledade exibia pra toda gente. Eu gostava de admirar as cenas da tela, sem desprezar as particularidades ou as peculiaridades da platéia! Certa vez, por exemplo, chegou uma figura interessante, um marmanjo barbado, e do andar de cima gritou: “Mulheres! Cheguei!”. Os espectadores deram uma gargalhada coletiva e o gerente não dispensou a falta, tomou o anarquista de ocasião pelo braço e foi de logo expulsando do recinto. O rapaz não perdeu tempo e novamente gritou: “Mulheres! Já vou!” Não precisa dizer da reação da platéia, a qual, outra vez, estourou em ruidosa e mais do que sonora gargalhada! Ali, no cinema do padre, muitos se iniciaram na pureza dos sentimentos, dos afetos e dos afagos ou nos amores quase platônicos em voga ao tempo, cochichando juras que não foram cumpridas ou fazendo promessas vãs, que restaram esquecidas aos ouvidos de agora. Havia à entrada uma boboniere, na qual se comprava o chiclete e se aliviava o hálito das declarações e dos amores. Perfumavam-se assim as palavras e as frases dos escuros e de outras cenas.

Quando a casa foi arrendada as coisas mudaram e a censura marcava a idade. A molecada, entretanto, não deixava de comparecer aos filmes impróprios até 18 anos, mesmo na situação atrapalhada à época, a da chamada menoridade!

E por ai vai! Ou por ai foi!

Uma das crônicas de meu livro anterior - A Medida das Saudades -, fruto de um passeio ao passado de quase 50 anos atrás. O padre que me batizara também me casara. E dessas duas cerimônias, vivos somente o catecúmeno e os nubentes. Todos ou quase todos feneceram à força dos anos. Comente a crônica também para pereira@elogica.com.br

Lembro o lançamento de meu livro - Fragmentos de meu Tempo - no próximo dia 22, quinta-feira, a partir das 20 horas, no Memorial da Medicina (antiga Faculdade de Medicina), na Esplanada do Derby, como chamava Delmiro Gouveia. Gostaria de contar com os leitores do Blog. Os que forem confirmem (pereira@elogica.com.br), pois que há um coquetel programado para o final do enredo.

domingo, 4 de novembro de 2007

Mordomia Extravagante

Um amigo meu, muito sério e muito puro, integrante, aliás, da confraria dos Veranistas Descalços de Pau Amarelo, se bem que meio distanciado do papo e da areia da praia, me contou uma suficientemente capaz de fazer o leitor cair para trás mais de trinta vezes. Disse que residia perto de um motel aqui mesmo no Recife e embora para as bandas do recanto do amor não olhasse, senão com os olhos do perdão, mas anotou fatos e casos dignos de registro. O mais extravagante eu conto agora.

De hábito, às segundas, quartas e sextas, no pátio dessa moderna casa, na qual se pratica o exercício do amor, estacionava uma ambulância e dela saía um casal, o motorista e a atendente, invariavelmente. Ora, sendo o veículo alto, grandalhão, não havia como se acomodar numa das garagens de prédio assim, cujos cômodos têm destinação tão específica. Ficava ao sol, expondo o letreiro vermelho, cor de sangue, a sirene com a luz encarnada e a placa oficial.

Com as medidas saneadoras do uso e do abuso de carros do governo, o ilustre amigo resolveu meter o bedelho na questão, isto é, interrogar o motorista sobre as incursões que fazia ali, em tempos como esses, de tantos rigores. Queria, também, detalhes a propósito da morena bonita, faceira, tipo dona boa dos anos 1950, assídua, de igual forma, naquele lugar. O barnabé municipal justificou-se como pôde, dizendo que fazia viagem longa e estafante, do Agreste até aqui, agüentando o frio de manhã cedo e o calor o resto do dia e quando chegava ao Recife, depois de se desobrigar dos doentes, desejava sombra e água fresca. Escolhera o motel por ser mais isolado, mais aprazível, lembrando um pouco, pelo menos por seus jardins, o recanto agrestino onde nascera e agora vivia. Admirava, também, a tecnologia avançada do videocassete e de outros aparelhos mais, os quais não chegaram, ainda, para os lados em que morava. No lugarejo em que sobrevive, explicou: “Não havia motel e muito menos filme com enredo erótico.”

Conversa vai e conversa vem , à sombra de um Ficus benjamim, na beira da calçada, confessou a sua paixão pela morena de belos contornos. Era casada e bem casada, além de ser carinhosa e bem apetrechada. Mas, em cabine de ambulância, viajando pra cima e pra baixo, léguas e mais léguas, não há quem resista a uma conversa bem fiada. Conhecia outros casos, envolvendo sempre motoristas do Agreste ou do Sertão. Nunca com a gente litorânea ou com o povo da Mata. Não que seus colegas do litoral, os matutos criados com cana-caiana sejam desprovidos da arte de fiar conversa ou que as mulheres sejam feias e pouco atraentes. A pouca distância, o trânsito engarrafado e o movimento exagerado atrapalham o papo, botam gosto ruim na conversa. Assim, tomou-se de amores pela morena e passou a bater ponto naquele motel. Chova ou faça sol, às segundas, quartas e sextas aparece por ali. Vai tomar um deforete da vida puxada que leva.

É isso aí, amigo leitor, se a moda pega, vamos ter camburões da polícia, carros de bombeiros e até veículos funerários fazendo ponto em motéis. Já pensaram num rabecão com o coveiro e a zeladora do cemitério, estacionado no pátio de casa assim, especializada em amor? Das duas uma: ou os motéis se adaptam, construindo grandes garagens, verdadeiros galpões, ou os administradores públicos tomam jeito. As mordomias federais estão se diluindo, ao bater do martelo, mas ficaram as periféricas: as estaduais e as municipais.

(*) Texto escrito há cerca de 15 anos atrás, quando o Governo Federal resolveu disciplinar e fiscalizar o uso dos carros oficiais. Comente também para pereira@elogica.com.br

(**) - Desde já convido a todos para o lançamento de meu livro - Fragmentos de Meu Tempo -, no dia 22 de novembro, a partir das 20 horas, no Memorial da Medicina. São artigos e crônicas publicados no Jornal do Commercio, do Recife, falando de minhas lembranças e de minhas saudades. Tratando de meu dia-a-dia, de um cotidiano feito em palavras agora. Ficarei satisfeito com a presença. Ao final será servido um coquetel simples.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Deixe a sua Mensagem

Quando contratei os serviços de uma secretária eletrônica, francamente, não pensei que fosse desgostar da minha própria mensagem, verbalizada assim, na rotina das ausências: “No momento, não podemos atender! Após o Bip, deixe a sua mensagem! Obrigado!”. Isso era rotineiro demais para mim, cujo imaginário vive nos ares do mundo e dessa forma terminei adotando uma sistemática diferente, a de fazer a troca da comunicação dessas impossibilidades a cada semana. Tenho cumprido o desiderato das dificuldades com os meus interlocutores de ocasião da melhor forma possível, modificando o teor das minhas palavras, na sexta-feira sempre, chova ou faça sol! É verdade que vez por outra aparece uma pessoa que reage ao inusitado da resposta, mas, no geral, a variedade vem agradando aos ouvintes, incomodados com a linha ocupada ou com a casa fechada. É necessário falar muito rapidamente, engolir vocábulos, tão pequena é a memória dessa virtualidade moderna, que Graham Bell não viu e não ouviu! E nem Dom Pedro II, um apaixonado pelo telefone, como era! A TELPE deveria, inclusive, premiar as melhores mensagens!

Numa dessas, quando da aproximação do Dia de Finados, dizia: “Na proximidade dos finados, lembrai-vos do desiderato bíblico: E ao pó voltarás!”. Uma moça, que imagino tenha ligado enganada, ao ouvir o que estava gravado, não teve dúvidas e disse em troca: “Babaca!”. Mudei, de pronto, o texto e o redigi antes de falar, pra não cair na tentação de outras coisas assim, ligadas às finitudes da existência humana. E gravei o seguinte: "Nas proximidades dos Finados, não esqueça dos velhos monges de Olinda, que nos silentes corredores dos antigos mosteiros, cumprimentavam-se assim: ‘Lembrai-vos da morte!’ Deixe a sua mensagem! Muito obrigado!". Foi um sucesso a reação, gargalhadas largas e risos contidos. Algumas palavras de reprovação e até de ironia, como aquela da interlocutora de ocasião, numa ligação errada, por certo: "É doido!". Devo fazer, agora, uma pesquisa sobre o padre que tem um pouco de ator, também: “Deixe a sua mensagem e a sua opinião sobre o Padre Marcelo Rossi! Obrigado!”.

Quando de uma certa viagem à França, fiz questão de prevenir à minúscula largueza dos meus convívios: “Informo que fui a Paris, visitar minha filha, Fabiana de prenome, que por lá cumpre estágio!” Alguns dos meus amigos, todavia, chamaram atenção para a possibilidade de estimular os ladrões do chamado entorno, com o aviso de um pai fora de casa, no meio do Velho Mundo, resgatando afetos e afagos junto ao rebento que do rebanho desgarrou-se, temporariamente, parece – só parece, entretanto! Na verdade, os gatunos daqui não gorjeiam como lá, pois que os conheço e já os dominei com a arte de fiar conversa e não creio, firmemente, na desforra. Sobre a globalização já deixei, igualmente, umas palavras: “Na perplexidade do tempo, a globalização brutaliza o homem! Deixe a sua mensagem! Obrigado!” Sobre a violência, também: “Na causalidade da violência está o desprezo da criatura pelo semelhante!” Aconteceu, certa vez, que uma ligação de pessoa muito piedosa foi atendida por mensagem, em tudo, religiosa, aquela verbalizada em Latim – Dominus Vobiscum – e a resposta ficou na memória: Amem.

Há gente que julga ter errado a ligação e estar, na verdade, falando com a residência episcopal ou quem considere o recado uma maluquice de quem não regula bem, mas a intenção é, apenas, a de promover uma certa variação e não ficar na rotina, naquilo que todos dizem, habitualmente. Guardei por aqui duas das respostas à indagação a respeito do padre Marcelo Rossi, já, ambas favoráveis ao novo ator global, cantor das multidões. Mas, vou juntar o que puder e pedir aos meus colegas dos cálculos estatísticos um resultado adequado e somente assim trarei ao leitor. Deixe a sua mensagem! Obrigado!


Texto escrito há coisa de dez anos atrás, quando usava a secretária eletrônica do telefone convencional e o equipamento portátil estava surgindo no mercado. As minhas filhas eram adolescentes e as mensagens faziam grande sucesso entre as colegas e amigas, a ponto de ligarem pedindo antes para que ninguém atendesse à chamada.

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