Hoje me surpreendi pensando nos amigos que deixei pra trás. Não sei as razões disso? Talvez porque tenha lido uma crônica de uma irmã que falava de amigas; de amigas e de bonecas. Eu fui vivendo e trocando de amigos, é sempre assim. As amizades vão sendo substituídas à medida que se prossegue com o exercício da existência humana. Muda-se de casa e de trabalho, troca-se a moradia de fim de semana e vai se assistindo a um grande desfile de mortes. Morrem os mais velhos, que são os mestres do dia a dia e depois morrem os contemporâneos. Morrem todos ou quase todos antes de nós. Vez ou outra um atropelo qualquer assusta o penitente de ocasião, mas a vitória quando chega é bem recebida. Já experimentei isso: vi a indesejada das gentes de perto. Mas, há amigos que persistem vida a fora.
Pequeno, muito pequeno mesmo, fui matriculado no Grupo Escolar João Barbalho, para fazer o Curso Primário. Ah como eram diferentes as aulas de então! A professora cuidava, ela mesma, em anotar no velho quadro-negro o Ponto a ser estudado e nós apenas copiávamos. No dia seguinte, já deveríamos ter estudado tudo e trazer na ponta da língua a lição. E os meus colegas? Éramos tantos! Uma sala inteirinha de meninos e meninas. Um ou outro ainda vejo hoje, dois em meu dia a dia de trabalho. Das moças, uma somente, e com a raridade dos acontecimentos bissextos. Não sei da grande maioria! Uma das colegas era filha do cônsul da Inglaterra e deve residir por aquelas friorentas bandas. Uma vez – faz algum tempo isso – vi o nome de outra como bibliotecária. Será? Já deve estar aposentada!
Depois, o Colégio Nóbrega, onde fiz o Curso Secundário e tive quase uma centena de colegas. Perdi muitos de vista. Há gente por toda parte! Dia desses até encontrei com um desses. Não sei mais se o conheço das salas do Colégio ou se o sei de minhas andanças pelas ruas de Santo Amaro, onde morava. E aquele do interior, que vinha todos os dias de ônibus; de ônibus ou de sopa? Amigos do peito alguns e menos próximos outros. Gente que seguiu diversas das vertentes da vida, várias profissões e hoje estão de cabelos brancos, vergando o corpo à força dos anos.
Os colegas da faculdade tenho mais facilidade em encontrar, conto com uma lista de todos ou de quase todos, com endereço e até com alguns e-mails. E aqueles do curso de pós-graduação em São Paulo, no correr dos anos 70? Nunca mais os vi! Sequer nos congressos a que compareci! E os amigos de Tóquio, um ou outro me aparece, muito raramente, na tela do computador.
Pode ser – quem sabe? – que um desses ou uma dessas leia o Blog e se comunique comigo.