Ainda ressoam em meus ouvidos as vozes todas dos meus 40 anos de formado, numa festa sem par, em Suape. Ou as minhas retinas ainda guardam as imagens dos sessentões todos que compareceram, as brincadeiras quase adolescentes e o riso frouxo, solto, como se fosse a sonoridade de um batuque alegre, resgatando pretéritos e renovando esperanças. Que beleza! Os chorinhos vieram comigo em CD da banda e as fotos antigas, algumas com o amarelo do tempo marcando as distâncias, também. Trouxe, da mesma forma, as minhas saudades de toda gente, dos companheiros de uma década mágica, a de sessenta, colegas de sala de aula, convívios e convivências impagáveis, suficientemente capazes de serem assim revividos. Gostei que me enrosquei – lembra a minha avó – das histórias de Ataíde, hepatite por apelido e ataúde por cognome, com uma memória digna de sua juventude. Arre! Diria minha tia velha!
Sentei e fui anotando o que me dizia o homem de todas as memórias, copiei em papel reciclado, como cabe fazer e passo ao leitor condescendente. Contou que o Tampa - de - Chaleira, de quem se ignora o destino, indagado pelo professor de bioquímica sobre a importância do Acetil Coenzima A (Acetil-CoA), respondeu, de logo: “É tão importante que não pode ser dito em qualquer lugar!”. Não precisa adiantar que foi reprovado e condenado à segunda época, como era praxe fazer. O nosso Araripe, desaparecido, de igual maneira, dos encontros, precisava ter retirado o estômago de seu cadáver para ter acesso ao pâncreas, como não o fez, foi interpelado pelo lente de anatomia: “E você ai? Onde está o seu pâncreas?”. Não titubeou: “Professor! Marretaram o meu pâncreas!”. Ora, quem iria furtar o precioso órgão de tão ilustre psiquiatra?
Em certo casamento, ia chegar o “Nego Jomar”, mas avisaram ao porteiro do prédio que o “Sr. Macaquinho” deixaria uma lembrança e como tal deveria ser tratado. No fim das contas, quem chegou foi Sulamita – apelido de um colega e nome de uma professora –, obtendo do nunca atencioso porteiro o recado destinado ao “Nego”: “Obrigado seu macaquinho!”. Foi um deus nos acuda e o convidado negou-se, peremptoriamente, a participar da cerimônia matrimonial, retirando-se em sinal de profundo e grande protesto. Disso, contam, nunca esqueceu! Pior com Albino, na prova oral de Dom Pixote: “Meu filho! Qual o alcalóide derivado da noz moscada?” E ele, inadvertidamente: “Está na ponta da língua e não sai!” O catedrático não perdeu tempo: “Engula, miserável, é estricnina! Você morre!”.
Por fim, o grande mestre Bezerra Coutinho, a um passo do centenário, se vivo estivesse e por aqui viesse, indaga ao nosso psiquiatra Araripe, como já comentei desaparecido dos convescotes habituais, que dormia a sono solto na aula: “Moço? O que é o choque?”. Referia-se à uma das situações mais graves em medicina, aquela da queda brusca da pressão arterial e de um comprometimento cardíaco imediato, assim como risco cerebral indiscutível. E o colega, com a sua inteligência habitual, foi acordando e dando uma explicação a seu modo: “Choque, meu caro professor, é uma esculhambação eletrolítica!” E o pior é que é mesmo, o sódio, o potássio e o cloro, além de outras substâncias vitais, sofrem um abalo mais que significativo na concentração e o caos se instala. Instala-se um desequilíbrio entre os ácidos e os sais do organismo. É uma esculhambação geral e irrestrita.
Sentei e fui anotando o que me dizia o homem de todas as memórias, copiei em papel reciclado, como cabe fazer e passo ao leitor condescendente. Contou que o Tampa - de - Chaleira, de quem se ignora o destino, indagado pelo professor de bioquímica sobre a importância do Acetil Coenzima A (Acetil-CoA), respondeu, de logo: “É tão importante que não pode ser dito em qualquer lugar!”. Não precisa adiantar que foi reprovado e condenado à segunda época, como era praxe fazer. O nosso Araripe, desaparecido, de igual maneira, dos encontros, precisava ter retirado o estômago de seu cadáver para ter acesso ao pâncreas, como não o fez, foi interpelado pelo lente de anatomia: “E você ai? Onde está o seu pâncreas?”. Não titubeou: “Professor! Marretaram o meu pâncreas!”. Ora, quem iria furtar o precioso órgão de tão ilustre psiquiatra?
Em certo casamento, ia chegar o “Nego Jomar”, mas avisaram ao porteiro do prédio que o “Sr. Macaquinho” deixaria uma lembrança e como tal deveria ser tratado. No fim das contas, quem chegou foi Sulamita – apelido de um colega e nome de uma professora –, obtendo do nunca atencioso porteiro o recado destinado ao “Nego”: “Obrigado seu macaquinho!”. Foi um deus nos acuda e o convidado negou-se, peremptoriamente, a participar da cerimônia matrimonial, retirando-se em sinal de profundo e grande protesto. Disso, contam, nunca esqueceu! Pior com Albino, na prova oral de Dom Pixote: “Meu filho! Qual o alcalóide derivado da noz moscada?” E ele, inadvertidamente: “Está na ponta da língua e não sai!” O catedrático não perdeu tempo: “Engula, miserável, é estricnina! Você morre!”.
Por fim, o grande mestre Bezerra Coutinho, a um passo do centenário, se vivo estivesse e por aqui viesse, indaga ao nosso psiquiatra Araripe, como já comentei desaparecido dos convescotes habituais, que dormia a sono solto na aula: “Moço? O que é o choque?”. Referia-se à uma das situações mais graves em medicina, aquela da queda brusca da pressão arterial e de um comprometimento cardíaco imediato, assim como risco cerebral indiscutível. E o colega, com a sua inteligência habitual, foi acordando e dando uma explicação a seu modo: “Choque, meu caro professor, é uma esculhambação eletrolítica!” E o pior é que é mesmo, o sódio, o potássio e o cloro, além de outras substâncias vitais, sofrem um abalo mais que significativo na concentração e o caos se instala. Instala-se um desequilíbrio entre os ácidos e os sais do organismo. É uma esculhambação geral e irrestrita.
Arre! Diria a tia velha!