E assim, neste mundo de Deus, as pessoas conversam, namoram e até casam. Amam-se, sobretudo, mas odeiam-se também e com isso dizem desaforos e agressões verbais. Interpretam mal as mensagens e rotulam os figurantes desse mundo tão conturbado já.
Espaço para a publicação de crônicas.Uma página especialmente dedicada à poética dos sentimentos e à prosa das lembranças. Mas também um lugar virtual para a reflexão, para a discussão de ideias e de ideais.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Torre de Babel II – Uma Namorada Alemã
E assim, neste mundo de Deus, as pessoas conversam, namoram e até casam. Amam-se, sobretudo, mas odeiam-se também e com isso dizem desaforos e agressões verbais. Interpretam mal as mensagens e rotulam os figurantes desse mundo tão conturbado já.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Torre de Babel
- Meu senhor! Acho lindo o seu caaten! Confesso que a palavra, realmente, me emociona, mas não sei de que se trata e por isso, nada posso fazer. Explique de forma a me fazer entender, que lhe responderei! O que danado é caaten?
Ele insistia com o desejo e apontava para a janela. Entendi que poderia ter medo que eu me suicidasse – a janela só abria até a metade –, decidindo pelo fechamento da fresta. Não resolveu. Continuou a insistir e finalmente foi buscar o tão falado e decantado caaten: era uma cortina. Ele queria mudar as cortinas de meu quarto. Valha-me Deus, quase digo, estamos diante da Torre de Babel, que tanto encantou Ciro, O Grande, na invasão da Babilônia. Fizeram uma construção de 90 metros de altura e achavam que poderiam chegar aos céus e com isso encontrar o Criador. Tiveram como castigo um verdadeiro embaralhar das línguas e hoje no mundo há centenas delas, dificultando a comunicação, mesmo sem impedir, como disse Harumi.
A crônica de hoje, mais uma das "Histórias Pitorescas de um Reitor", é oferecida a Harumi Royama e a Seiki Tateno, dois amigos fraternais que estão do outro lado do globo, no Japão, mas atentos, sempre, a tudo que se passa no Brasil. Se desejar comentar, comente, nesta página mesmo ou pelo e-mail que lhe chegou a informação ou ainda pelo e-mail pereira@elogica.com.br Ou não comente, não diga nada, não fale e se cale. Ou ainda, fique com raiva. Mas, tenha um final de semana tão pródigo quanto será o meu.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
A Festa das Mães
Outras tantas, porém, não tiveram a oportunidade do reencontro. Filhos que se foram, encantados no infinito das coisas, transferidos para a dimensão do eterno, não voltaram. Rios de lágrimas marcaram o pranto das distâncias, dos desejos e das vontades impossíveis, de resgates que não virão e dos retornos postergados. Milhares de faces estavam carentes do ósculo filial e faltaram os amplexos do dia. O domingo restou incompleto, por mais que se quisesse preencher os minutos e as horas! O vazio dessas ausências, é o vácuo a sugar as derradeiras energias do espírito, foi o nada do nada da mais íntima das feridas, a insuperável, insuportável e irreparável dor da perda. Lembranças e saudades, recordações, enfim, dos detalhes, dos atos e dos fatos, alguns, de tão discretos, pouco valorizados ao tempo. Isabella, também, não voltou!
Nas pousadas da terceira idade, abrigos dos que se isolam por vontade alheia, a cada visitante que chegava uma esperança a mais no coração das mães. Algumas contaram com a companhia dos filhos, em casa, por uns instantes, que fosse ou na confraternização do almoço. Nas conversas da noite, entretanto, as que não foram contempladas novamente inventaram desculpas ou reinventaram explicações para as faltas do dia e a solidão exacerbada no domingo de festa. Esquecidas, juntaram-se à legião daqueles que ajudaram a construir o mundo e a sua gente, mas foram vítimas de uma injusta memória, capaz de apagar o passado, um pretérito de doações, de noites e mais noites vividas em claro, ao pé do leito, tantas vezes, na doença que maltrata. Dias inteiros de devoção no exercitar do criar, para forjar o cidadão, correndo pra lá e pra cá, um banho de sol ali e um passeio acolá, a escola pela manhã e um sem número de atividades à tarde. Tudo relegado!
No meio das alegrias, dos risos e das gargalhadas, das lembranças contadas em nostálgicas conversas, certas mães não puderam dividir, completamente, o dia, a hora do regozijo. A memória já não ajuda, exatamente, fogem os fatos e desaparecem as imagens, há um vazio diferente na cabeça idosa e branca, alva como a neve que cobre no friorento inverno as pradarias gélidas. Repetidas indagações mostram que a desorientação fez mudar a personalidade, dantes tão segura de si e tão firme. Não há mais a decisão dos tempos pretéritos e sequer podem as mães assim se desincumbirem de alguns procedimentos tão simples no passado. O banho é um desses, assistido por gente estranha, atenta à postura e a cada um dos movimentos, violando, tantas vezes, o pudor por anos e anos cultivado. E ao filho à distância cabe, quase sempre, pedir paciência para essa presença incômoda e desconfortável da cuidadora, uma profissional nova no cotidiano moderno.
Antes que a crônica estivesse pronta, afinal, terminada e concluída, durante uma reunião importante, o telefone toca macio, diferente do que faz habitualmente. Atendo aos sussurros e ouço a voz de uma nova mamãe: “Pai! A tão desejada gravidez chegou!”. É a filha segunda, Patrícia de prenome, que mora no Ceará, e que me traz a notícia mais importante do ano: serei avô! Quase não posso falar, os olhos estão marejados e a voz fraqueja, cumprimento e felicito, deixo para depois as palavras do coração. Em casa, então, ligo o telefone e digo-lhe o definitivo: “De agora por diante, você há de compreender o significado da palavra mamãe. O profundo sentido dessa forma carinhosa de expressão e de ser gente!”. A sua vida vai mudar, você assegura assim a continuidade de seu próprio ser. Eis a completude da criatura! Deus a abençoe!
(*)Um texto escrito no ontem dos dias e complementado agora, no hoje das coisas. Texto que ofereço a Patrícia, minha filha, a mais nova mamãe. Ofereço à felicidade que ela está irradiando ao telefone, pela parição próxima de um rebento. Deus a abençoe!
sábado, 3 de maio de 2008
Ainda o Pitoresco nas Histórias de um Reitor


(*) - Texto escrito como forma de lembrar o pitoresco ou o gracioso no dia-a-dia pesado, nos meus tempos de Vice-Reitor. Crônica que gostaria de oferecer a algumas pessoas, como cheguei a ensaiar, mas por escrúpulo, apenas, deixo de fazer. Todos e todas que compartilharam comigo os anos de convívio, no Gabinete e no Gouveia de Barros, sintam-se homenageados ou homenageadas.
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