Fosse vivo o meu pai e me encontrasse na internet http://blogdegeraldopereira.blogspot.com/ -, com direito a muitos de meus artigos aqui publicados, não hesitaria e diria: “Invenção da mãe do cão!” E é isso mesmo: astúcia da modernidade! Os avanços são tantos e de tal maneira rápidos, que não há forma de atualização, senão a de frequentar a enorme teia virtual diariamente, buscando aqui e ali inovações da criação humana.
De minha parte, confesso, tenho saudades do futuro, do que está por vir, do extraordinário desenvolvimento da ciência e da técnica. Quem nasce hoje não há de se admirar, mas quem assistiu a tudo isso, quem escreveu molhando a pena no tinteiro ou quem aprendeu datilografia e gastou horas e mais horas sentado nas bibliotecas, só pode viver numa perplexidade muito grande. É o meu caso!
Ora, quando era menino, ganhei de presente uma pena que tinha o cabo colorido, às custas de cordões encarnados, verdes e azuis. Uma beleza! Sentava-me em antigo e carcomido “bureau” para rabiscar sentimentos emergentes. Não sabia usar as vírgulas e os pontos, pior o ponto-e-vírgula, mas já tinha desejos e vontades, de amar e ser amado, sobretudo, razão dos meus devaneios. Com um imaginário de rara fertilidade, divagava em etéreas distâncias, fantasiando paixões. Depois, ganhei uma caneta Compactor, posta hoje em feiras de antiguidades, como se eu próprio já fosse velho, condenado à condição de fóssil.
A seguir, quando entrei no Curso Científico, uma Parker 51, o máximo em termos de elegância masculina. Mas, aos 15 anos recomendou meu pai: “Matricule-se numa escola de datilografia! Você vai precisar! Talvez vá trabalhar no comércio!”. E na rua do Lima, com uma professora muito braba e feia, aprendi os segredos do teclado.
O tempo passou e eu não vi! Um belo dia me falaram do computador, dessa máquina de tantos poderes, explicando que tinha memória, isto é, que poderia guardar textos e outras formas de expressão humana. Até fotos, dizia amigo meu! Quando vi a grande rede virtual, antes mesmo dos avanços atuais da Web, francamente, fiquei encantado. Afinal, podia me sentar diante da telinha e pedir o assunto que desejasse, sem ter que me ater aos alfarrábios das bibliotecas, escolhendo o dia e a hora, livremente. Ai me animei e comprei o meu primeiro computador, que é como o primeiro amor, ninguém esquece. Aprendi a mexer sozinho, o que foi um erro, apaguei programas importantes e fiz deletar arquivos que não deveria, mas me habituei à novidade e não vivo mais sem a máquina e a rede!
Dia desses, porém, tendo enviado um E-mail à Inglaterra, onde pontificava amigo meu, Jair de prenome, recebi de volta uma quase desaforada resposta: “Não me escreva mais! Não lhe conheço e não conheço Jair! Não me interessam as suas posições em relação ao sistema de saúde no Brasil!” Assinava a mensagem uma certa Jéssica.
Preparei nova correspondência dizendo: “Desculpe! Não lhe escreverei mais! A máquina não se engana, mas o homem erra! O endereçamento não estava correto!” Fiquei surpreso, quando vi a resposta da resposta: “Pode continuar a me escrever! Sou advogada e moro em Macau! Tenho 32 anos!”. Mandei fotos do Recife e me referi às relações tupiniquins com a gente daquele lugar distante, mas um derradeiro E-mail me deixou paralisado: “Sou casada!”. Nada tinha escrito que pudesse ferir a sua situação marital, mas inibido assim, com afirmativa tão forte, esqueci a penitente. Talvez o marido, tomado pelos virtuais ciúmes, a tenha levado à drástica atitude de interromper essa nascente amizade. Quem sabe?
É difícil fantasiar como seria essa portuguesa largada pras bandas de Macau, se bonita ou feia, se arabizada ou não, mas é lícito pensar que toda mulher é bela, quando o sorriso largo enfeita a face e os olhos brilham irradiando as cores do arco-íris.
É por ai!