Manassés, que sabe dessa história e de outras mais, depois de ter lido a crônica passada – Os seios de Otília –, apareceu aqui por casa. Sentou-se no alpendre e pediu a lagosta que trouxera já cozida, por isso mesmo ao ponto, acompanhada de uma cerveja bem gelada. Abriu a boca no mundo e tome a falar do povo que conhecera, da mulherada, sobretudo. Indagado como ia passando a protagonista do relato que tanto agradou aos meus leitores (Otília), disse que estava perto dos 80 anos de idade, mas lépida e fagueira, satisfeita da vida e viúva outra vez, depois que “matou” dois penitentes neste mundo de Deus. O seu Cícero dos começos e pai de suas filhas e o senhor William, que assumira a mulher ainda com o corpo bem dividido e com a aparência conservada. Contou que, recentemente – já se vão uns três anos -, recebera da parte dela uma ligação telefônica, na qual dizia que estava vivendo com um rapaz, figura dos seus 35 anos. Como ficara só na vida, sem companhia que fosse, com as meninas casadas, encontrou esse companheiro, antes um motorista de taxi, agora desempregado, apenas. E a Manassés, que sabia muito prestativo, pedia fosse o quase marido operado em hospital público. O meu amigo não hesitou e de logo perguntou:
- A senhora casou, dona Otília?
- Não, meu querido, eu me juntei!
- E ele vem dando conta do recado?
- Claro e muitíssimo bem! Mas, o que preciso é conseguir a cirurgia da vesícula.
E o Manassés conseguiu!
A verdade é que o homem tem histórias que o diabo duvida de costas. Antes de se prender às peripécias da família de Otília, de suas incursões e das incursões filiais, lembrou de um episódio da Festa da Mocidade, com duas empregadas domésticas de minha rua: Coqueiro e Maria Branquinha. Coqueiro era negra, tinha o cabelo de tal forma encarapinhado, que o tufo piloso fazia a cabeça parecer o topo dessa árvore que no Nordeste é de tal forma abundante que faz a sua gente tomar a água de seu fruto como se potável fosse: o coco. E Maria Branquinha o leitor já imagina como era. É que os colegas de adolescência se juntaram, reuniram os trocados e pagaram um anúncio no posto de rádio. Dizia, mais ou menos assim: “Atenção! Atenção Geraldo Pereira! Coqueiro e Maria Branquinha, em nome do Sindicato das Domésticas, enviam beijos e abraços!”. Ora pau! Eu sentado, de namorada a tiracolo, passei momentos de intranquilidade visível. Mas, é assim mesmo!
Mas foi ele, ainda, Manassés, quem contou de Bruna uma passagem no mínimo curiosa. Estava ele vagando pela rua em que morava, batendo perna, se dizia, quando viu a menina correndo aos gritos para dentro de casa. Dirigiu-se pra lá e foi recebido por Otília estupefata: “Não sei o que houve! A menina estava bem! Conversava com Aparício e saiu correndo, gritando desse jeito!”. O meu dileto amigo, solidário como é, de nome hebraico, cujo sentido é esquecer – E ele não se esquece de nada –, foi acudir a moça in loco, indagando: “O que há Bruna?”. E resposta não obteve, senão os gritos: “Ai!, Ai!, Ai!, Ai! Ai! Ai!”. O que é, indagava ele? Nada, respondia a menina, mas não parava com tanto Ai! Cinco, seis ou sete Ai! De cada vez, em ritmo cadenciado.
- A senhora casou, dona Otília?
- Não, meu querido, eu me juntei!
- E ele vem dando conta do recado?
- Claro e muitíssimo bem! Mas, o que preciso é conseguir a cirurgia da vesícula.
E o Manassés conseguiu!
A verdade é que o homem tem histórias que o diabo duvida de costas. Antes de se prender às peripécias da família de Otília, de suas incursões e das incursões filiais, lembrou de um episódio da Festa da Mocidade, com duas empregadas domésticas de minha rua: Coqueiro e Maria Branquinha. Coqueiro era negra, tinha o cabelo de tal forma encarapinhado, que o tufo piloso fazia a cabeça parecer o topo dessa árvore que no Nordeste é de tal forma abundante que faz a sua gente tomar a água de seu fruto como se potável fosse: o coco. E Maria Branquinha o leitor já imagina como era. É que os colegas de adolescência se juntaram, reuniram os trocados e pagaram um anúncio no posto de rádio. Dizia, mais ou menos assim: “Atenção! Atenção Geraldo Pereira! Coqueiro e Maria Branquinha, em nome do Sindicato das Domésticas, enviam beijos e abraços!”. Ora pau! Eu sentado, de namorada a tiracolo, passei momentos de intranquilidade visível. Mas, é assim mesmo!
Mas foi ele, ainda, Manassés, quem contou de Bruna uma passagem no mínimo curiosa. Estava ele vagando pela rua em que morava, batendo perna, se dizia, quando viu a menina correndo aos gritos para dentro de casa. Dirigiu-se pra lá e foi recebido por Otília estupefata: “Não sei o que houve! A menina estava bem! Conversava com Aparício e saiu correndo, gritando desse jeito!”. O meu dileto amigo, solidário como é, de nome hebraico, cujo sentido é esquecer – E ele não se esquece de nada –, foi acudir a moça in loco, indagando: “O que há Bruna?”. E resposta não obteve, senão os gritos: “Ai!, Ai!, Ai!, Ai! Ai! Ai!”. O que é, indagava ele? Nada, respondia a menina, mas não parava com tanto Ai! Cinco, seis ou sete Ai! De cada vez, em ritmo cadenciado.
O namorado, vendo a cena, sendo ele o protagonista daquele filme, escapuliu de fininho, como se nada tivesse acontecido. E os gemidos foram espaçando, espaçando, até que ela amoquecou, relaxou, deixou-se ficar ali mesmo, enfraquecida como estava. Daí por diante Manassés não sabe mais se as crises reapareceram, se continuaram sendo diante do namorado que virou noivo e depois casou ou se desapareceram. A verdade é que nunca mais a ouviu gemer.
(*) - Ofereço o texto, metade verdadeiro e metade ficção ao meu dileto amigo, colega de turma e meu chapa: Ataide. Ás vezes conhecido pelo apelido de Ataúde e às vezes chamado pelo cognome de Hepatite. Três nomes em um só. Figura que encontrei, casualmente, numa loja, fazendo compras com a mulher. Grande contador de histórias ele, mas de outras histórias, das que foram vividas nos tempos da faculdade.
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