O leitor que se detiver em trabalho científico do século 19, escrito por J.J. de Moraes Sarmento, em torno das temperaturas do Recife nos anos de 1842/43, há de notar sensíveis diferenças com os registros de agora, pesquisa, aliás, publicada em volume intitulado "Annaes da medicina pernambucana", reeditado por Leonardo Dantas nos anos 70. Tive a curiosidade de acompanhar as marcas do calor tropical no mês de janeiro deste ano, comparando-as com as informações divulgadas há mais de 150 anos. De outra parte, estou aguardando um termômetro digital que, instalado no computador, repetirá os dados de Sarmento, entre agosto deste ano a janeiro próximo. Mas já disponho de algumas informações interessantes, que podem ilustrar a questão da ordem do dia: a do aquecimento global.
Há de se adiantar que o médico não estabeleceu as mínimas e as máximas, como é do hábito agora, porque anotou seus dados a partir das 5 horas da manhã, continuando pelas 9, ao meio-dia, às 15 horas e às 10 horas da noite. Mas, é possível detectar a máxima, a qual se dá entre o meio-dia e as 15 horas. Pelo geral às 12 horas do dia, em janeiro de 1843. Sendo assim, é possível uma comparação com as temperaturas atuais, cujos registros estão na internet. Foi o que fiz, inicialmente, como nota prévia de uma investigação científica maior que desejo iniciar. Nota, inclusive, divulgada nos anais de congresso voltado para a história da medicina, tema com o qual venho me ocupando. Adiante-se mais que os registros foram feitos na rua da Imperatriz, variável à qual não poderei me ater, haja vista o fato de não contar com ninguém naquela artéria central. Mas isso não será um fator inviabilizador.
Uma visão geral da questão, entre agosto de 42 e janeiro de 43, dá conta de registros que não chegam, em momento algum do dia e em mês algum do intervalo, a 28ºC. Note o leitor que era ameno o clima recifense, sobretudo nos meses de agosto, setembro e outubro. Por isso, a referência de alguns à brisa que soprava em determinadas horas do dia. O vento das ruas do Recife, de que fala Clarice Lispector, em Felicidade Clandestina, talvez só exista hoje na beira do cais, em determinados horários e em certos meses do ano. Dados, porém, de 2009, colhidos em páginas da Internet, apontam para temperaturas máximas que ultrapassam quase sempre os 29ºC, sendo que entre novembro e março estão os registros de maior calor. Qualquer habitante da cidade sabe disso!
No mês de janeiro próximo passado, as temperaturas mínimas foram quase sempre maiores que 22ºC, anotando-se dois registros, apenas, nesse nível. Quanto às máximas, a temperatura de 30ºC não é mais novidade, não sendo raro o termômetro acusar 32ºC. Incrível! É claro que o aquecimento global traz a reboque essas oscilações malfazejas, esse calor tropical intenso, abrasante, capaz de afugentar os mais sensíveis das praias e capaz de exigir o uso costumeiro dos protetores da pele. Ninguém se iluda com as consequências do desmatamento, que fustiga os restos de mata desse Nordeste sofrido, onde a cana-de-açúcar cobre centenas de hectares, destruindo a flora e devastando a fauna. Dia desses, em Aldeia, conversando com um nativo dali, ouvia dele que ainda era possível encontrar pacas, cotias e tamanduás, além das raposas que são vistas atravessando com seus filhotes os terrenos sem vegetação mais, em noites de lua.
Nem a Comadre Fulozinha dá conta de tanta destruição!
(*) - Un texto sobre uma pesquisa feita no Recife entre agosto de 1842 e janeiro de 1843, pelo médico J.J.M. Sarmento, enfocando as temperaturas na cidade; pesquisa que pretendo repetir reunindo dados similares, entre agosto de 2010 a janeiro de 2011. Crônica publicada no Jornal do Commercio do Recife, em 16 de julho de 2010. Já estou pronto para repetir a investigação científica em causa, em que pese a dificuldade para configurar o termômetro que recebi, recentemente, da China, adquirido pela Internet ao preço de R$ 90,00. O leitor comente o que está exposto e acuse a disposição, se existir, de me ajudar na configuração. O faça no Blog mesmo ou para os e-mails: pereira@elogica.com.br ou ainda para pereira.gj@gmail.com
PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE PRODUTORES RURAIS
ResponderExcluirA Federação da Agricultura do Estado do Espírito Santo (FAES), através de seu Conselho de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (COMARH), com o apoio do Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA, está iniciando uma pesquisa (inéditas e em âmbito estadual) voltada ao estudo da percepção ambiental dos produtores rurais. Entre outros objetivos, a pesquisa visa assegurar à FAES informações adicionais para seu programa de conscientização ambiental do segmento dos produtores rurais. É pretensão do NEPA levar (posteriormente) esta importante pesquisa para outros Estados de modo a, progressivamente, ter o cenário da percepção ambiental nacional do segmento O NEPA acaba de concluir na Região da Grande Vitória (ES), pesquisa também inédita para a região, um estudo da percepção ambiental da sociedade frente à problemática (causas, efeitos, prós e contras) das mudanças climáticas.
Roosevelt S. Fernandes, M. Sc.
Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
roosevelt@ebrnet.com.br
Tudo aqui é de uma excelência ímpar. Por estou sempre por aqui e acabei de fazer indicação deste seu maravilhoso espaço no meu blog Varejo Sortido. Para conferir é só acessar o blog na seção Guia de Poesia da minha home page abaixo.
ResponderExcluirAbração
www.luizalbertomachado.com.br