Eu estava aqui, no recesso do lar, dizia-se outrora, refletindo sobre as grandes mudanças do século XX, para o livro que venho escrevendo há anos, mas que não consigo publicá-lo, porque toda vez que penso nessa iniciativa o texto já está desatualizado. As coisas evoluem numa velocidade extraordinária. Incrível isso! Mas, lembrava o Palácio Imperial que visitei em Petrópolis e fazia a comparação do ontem das coisas com o hoje dos dias, até porque comprei e estou lendo o livro de Mary Del Priori, intitulado: “Histórias Íntimas: sexualidade e erotismo na história do Brasil”. Livro que se ocupa de muitos detalhes da sociedade colonial, além da sexualidade e do erotismo. Estou lendo também as cartas do Imperador Pedro I à Marquesa de Santos! Eita bichinho impulsivo danado! Puxou e aprendeu bem a lição com Carlota Joaquina, mulher de Dom João VI e a mãe dele.
Admirou-me muito o fato de encontrar, como era no pretérito, a cozinha fora do edifício principal do Palácio. Dali as refeições seguiam para a sala de jantar em depósitos especiais, para que não esfriassem. Pois é, nesse tempo e eu ainda vi, usava-se a lenha ou o carvão vegetal e a fumaça por certo que manchava a pintura da dependência e de mais a mais o calor era infernal. Só os escravos – coitados! – suportavam temperaturas assim, tão altas. Hoje os fogões são de cerâmica vitrificada, como vi em Espanha, em casa de filha minha e praticamente não oferecem risco. Eu ainda uso o gás de conzinha encanado no prédio. Não preciso mais de bujão, esse horror dos tempos.
Acho, no entanto, que o banheiro foi o cômodo que mais evoluiu. Era fora de casa, inicialmente, trazendo enorme desconforto para quem dele se utilizasse. Imagine o leitor, acordar altas horas da noite, para se servir de um sanitário fora dos limites domésticos ou quase isso! É verdade que existiam os urinóis, os quais amanheciam cheios de urina, quando não de fezes também. Ainda peguei isso! A minha avó usava religiosamente a sua peça, grande e larga. Pela manhã eram os empregados ou os escravos antes da abolição que tinham como obrigação jogar na rua o excremento dos seus patrões ou dos seus senhores. Claro que com a minha avó já era diferente! Há por lá, em Petrópolis, assento, que talvez tenha sido a forma mais desenvolvida para a época de se usar o sanitário. Uma cadeira aberta, onde existia um vaso, que podia ser retirado e reposto, à necessidade do cliente.
Outra coisa que também avançou e muito foram os ferros de passar. No começo eram peças que esquentadas faziam o estirar dos tecidos, depois um material com brasa em seu interior, até os modernos, que ligados à eletricidade são capazes de passar a roupa, inclusive borrifando o pano, sem precisar jogar água como no passado, quando a empregada exercia o mister com um molambo molhado a jogar água no tecido. Por fim, a máquina de lavar, uma beleza, porque evita uma liturgia que seguida como era levava horas para o quarar e o secar. Ninguém precisa mais quarar nada, os jovens desconhecem o significado do vocábulo.
Mas, o que mais me impressionou foi o trono do Imperador; trono escatológico.
(*) O Blog vem sendo publicado no jornal virtual A Besta Fubana. O texto de hoje dá continuidade aos que já escrevi sobre minha viagem ao Rio, uma reciclagem cultural disse quando as divulguei. O leitor que desejar comente no espaço mesmo do Blog ou o faça para pereira.gj@gmail. ou pereira@elogica.com.br
Geraldo,
ResponderExcluirGosto muito das suas crônicas , quando vc se detém nos temas que nos passa despercebido.
Vc alia conhecimentos a um toque de espiritualidade, que faz do texto tudo que há de bom. E haja ensinamento! E haja História!
Muito boa, a crônica.
EP
Em tempo: que nos passam despercebidos.
ResponderExcluirGeraldo,
Estava semi acordada.
EP