Assistindo televisão vi um comercial muito interessante, a partir do qual lembrei episódio semelhante, que tive oportunidade de conhecer há coisa de dez anos ou mais. É aquele comercial em que aparece um grupo de jovens em casa, ao que parece, em preparativos para sair, quando chega uma moça bonita e bem parecida e após tocar a campainha, faz uma pergunta que não recordo a um dos ocupantes da moradia, sob a justificativa de que era novata no prédio. Ele cuida em responder, explicando de logo que os amigos estão de saída, obviamente com olho na mulher e fantasiando futuros imediatos. Qual não foi a sua surpresa, quando a mulher lhe indaga se ele não pode tomar conta de seu cãozinho? É uma decepção que vive o rapaz, tão interessado como estava na figura feminina presente à sua porta.
Pois é, no caso que eu soube, contado por gente de toda confiança, o homem estava hospedado em hotel de muitas estrelas nas ruas de Paris e sabia que a mulher de seus sonhos, em tudo barroca, bonita e bem feita, também estava na cidade das luzes e das cores. Andava num pé e noutro no quarto que ocupava, imaginando uma artimanha qualquer que lhe fizesse ligar para a penitente bem parecida de seus sonhos matinais. Para sua surpresa também toca o telefone em seus aposentos e ele sem esperar ligação alguma de ninguém, levanta o fone e atende à chamada. Era ela, a musa de todos os seus desejos, que pedia para que ele a procurasse na recepção do hotel. Com todo gosto, respondeu! E se preparou todo, tomou o banho que todo brasileiro gosta e vestiu a melhor roupa, sem falar que acionou o spray de perfume que trouxera do Recife. No hall do hotel recebeu aquela mulher maravilhosa, com quem gastava seus devaneios. E a pergunta, feita por ela, não tardou: “Você poderia levar para o Brasil duas malas que excederam o peso autorizado?”. "Ah! Quase diz." Mas, ainda com água na boca, embora perplexo, disse: “Posso!”. E a nada mais respondeu, porque também ninguém lhe perguntou mais nada.
Como não devo publicar uma crônica tão pequena, decido acrescentar mais uma história, em tudo muito pitoresca, só para preencher o espaço de que disponho. É que eu era Diretor do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal de Pernambuco e tinha o meu Gabinete sempre visitado por várias pessoas, com frequência era procurado por médicos. Certo dia chega um desses profissionais e se dirige à Secretária, desejoso de falar comigo. A moça, então, toma nota do nome: “Deus”. Era, certamente, João de Deus ou outra forma de grafar o nome do Criador, mas quis se apresentar somente com o segundo prenome e entrando no Gabinete ela anunciou: "Deus está ai!". Eu ainda tive tempo de me assustar e indaguei: "Deus?". E complementei já refeiro: "Sendo Deus tem prioridade e pode entrar!". E assim foi e Deus entrou e tudo se passou como imaginei.
(*) A crônica é um relato conciso de um caso do presente que resgatou outro, do pretérito das coisas. O texto tem sido sempre reproduzido no jornal virtual A Besta Fubana, de responsabilidade do Papa Berto I e de sua Papisa. O leitor pode comentar no espaço mesmo do Blog ou para os e-mails: pereira@elogica.com.br e pereira.gj@gmail.com
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