Diversas categorias dos funcionários
públicos estão em greve. Pedem melhores salários e exigem condições dignas de
trabalho. Por certo se contentam com a primeira reivindicação, porque com a segunda
já estão habituados. O governo senta-se à mesa de negociação, junta as
lideranças e não chega a acordo. Os professores
universitários, que vivem para o ensino, a pesquisa e a extensão e por isso
mesmo são obrigados a uma atualização permanente, receberam a oferta de 15%,
divididos em três longos anos e a partir de 2013. Uma categoria em tudo sacrificada, que se
vira ganhando ordenados inferiores a certos servidores do Senado; gente dos
elevadores e da copa.
São esses docentes, formadores de gestores
públicos futuros, merecedores de melhores salários, com os quais evitassem
preocupações comezinhas. Ordenados que os deixassem livres para o pensar, o
investir em aulas e em pesquisas e no esforço da extensão. Mas não, recebem
parcas remunerações e se sacrificam, porque, como todo ser humano, precisam
cumprir os compromissos do cidadão. Sei de docente que nunca pôde comprar a
casa própria e que usa veículo de categoria inferior, velho e carcomido.
Se o Governo não liga para os que estão
trabalhando, avalie os aposentados, que lutaram a vida inteira para manter a
Universidade, como tantos que conheço. Nesses, nem se fala! Sustentaram
o ensino nos anos em que não havia mestrado ou doutorado. Gente que ensinou a
muitos, que saia das bibliotecas com poeira até a alma, contanto que publicasse
uma pesquisa. Pessoas que de Pernambuco viajaram a São Paulo, onde fizeram um
curso incluído dentre aqueles da pós-graduação sensu lato. Curso hoje sem referência nas avaliações
internas.
Eu duvido que tratem assim os militares, até
porque eles são da reserva remunerada, isto é, podem se convocados a qualquer
hora, não importa a idade ou a patente. Eu duvido que um coronel, posto de
pijama, ganhe menos que um igual da ativa. E não são obrigados à atualização
permanente ou não precisam se engajar na pesquisa e na extensão, sequer no
ensino. Não tratam, porque eles têm a chave do urutu ou têm a metralhadora à
mão. Podem arquitetar o golpe e estabelecer a ditadura.
(*) Artigo publicado pelo Jornal do Commercio, no domingo, 26 de agosto. Um texto que trabalha a questão dos professores universitários aposentados e assim esquecidos pelo Governo. Artigo que é reproduzido, de hábito, pelo Jornal A Besta Fubana. Comentários no espaço mesmo do Blog ou pelos e-mails pereira.gj@gmail.com ou pereira@elogica.com.br
Geraldo,
ResponderExcluirCom todo respeito, dou toda a razão ao que você disse. Por outro lado, não entro nesta praia. Acho que os aposentados estão desmerecidos, mas esquecidos estão, em grau máximo, os professores de escola pública que ensinaram o alicerce que fez a base dos Doutores e daqueles que se dedicam à extensão e à pesquisa, se é que são todos, pois no mais das vezes há quem seja pesquisador sem nunca ter sido.
A situação está difícil. Amante dos estudos desde a mais tenra idade, ainda luto como guerreira por um lugar ao sol.
E haja Governo e haja o injusto dos fatos com diminutos aumentos para MUITOS..... Tem gente com sede e fome e outros sem terem onde colocar tanto dinheiro. Difícil lutar pelo pão e não só vestir a camisa, mas fazer a camisa e suar, como diz CHIAVENATO!
Eliana