Tem
umas coisas na vida que só acontecem comigo, disso não duvidem. Refiro-me ao
recente caso de um cheque de minha mulher, que sem pestanejar preenchi e entreguei,
para pagar as sessões de hidroginástica. Não hesitei em apor a minha assinatura!
Bom, como o banco é o mesmo, não dei por conta, mas ela sim. Quando viu
queixou-se e num ato de generosidade completou: “Faz mal não! Eu pago!”. Mas
desfiz a troca! Como uma história chama outra, lá vai mai uma similar.
Chegou
aqui um médico francês e não sei bem porque cargas d’água me mandaram tomar
conta do penitente. Aliás, esse camarada me deu um trabalho brabo. Primeiro,
por não ter o hábito de tomar banho e comparecer todos os dias ao estágio com
um mal cheiro do cão. Foi ai que me chamaram e deram um ultimato: “Ou toma banho
ou desiste!”. E eu fui obrigado a solicitar dele a fineza de se banhar. No
outro dia, quando foi trabalhar, estava de tal forma cheiroso que fizeram uma
festa.
Mas, o
pior disso tudo, foi o jantar que eu me senti na obrigação de oferecer.
Convidei-o para o antigo “Rei da Lagosta”, que os mais velhos lembram. O
camarada comeu feito quem está em jejum há uma semana ou mais. Ao final, veio a
conta, cujo valor eu não tenho mais de cabeça, porque o dinheiro mudou.
Saquei o talão de cheques do bolso e notei que era de outro professor da
Universidade. Ora, o banco trocara os nomes ao entregar o talão. E eu fiquei
sem saber bem o que fazer, se pagar assim mesmo ou não pagar. E quem iria
pagar? Não se usava ao tempo o cartão de débito ou de crédito. Paguei. O garçom
recebeu e não percebeu. No outro dia procurei o estabelecimento de crédito e
contei, o gerente ficou doido e o pior é que o colega achou que eu tinha usado
o talão dele mais vezes. Olha só!
Mas,
esse negócio de banco é interessante. Dia desses ligaram pra mim e disseram: “Os
seus talões foram bloqueados!”. E tome cheque a voltar. Fiquei zangado, ai me
contaram: “É que clonaram seus cheques.” Respondi: “Não me admira não!”.
Admirava, isso sim, se não clonassem nunca os meus cheques. Mas, uma outra moça, com
sotaque carioca, em resposta a meu pedido de novos talões, disse: “E aqueles do
talão de número tal a número qual? O senhor ainda não gastou!”. E foi preciso
procurar a casa inteira para encontrar esses cheques sumidos. De outra feita,
ligaram do cartão e disseram: “O senhor fez agora uma compra de R$ 5.000,00 em
Porto Alegre?”. Não, porque estou no Recife, foi a resposta. Mas, a compra foi
pela Internet e o cartão bloqueado. Isso é o cão, quase digo!
Quando eu era menino, o meu pai tinha um talão de cheques, mas era uma coisa tão escondida e tão preciosa, que raramente saia da gaveta dele. Nunca o vi passando um cheque. Interessante isso! Talvez por lá, em sua casa, ainda exista essa raridade, que foi tão bem guardada no antes do tempo. E ele a cada mês depositava um dinheiro para mim no banco. E eu, já formado, fui ver quanto tinha. Fiquei surpreso, não dava vinte centavos a dinheiro de hoje.
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