A vida é interessante – uma história puxa a outra –, foi o que aconteceu numa manhã clara deste Recife de Deus, enquanto fiava conversa ou enquanto jogava conversa fora. O tema central era o horror da pedofilia, uma perversão bem mais freqüente nos dias de hoje, ao que mostram as evidências. A não ser que as crianças de outrora tivessem mais receio ainda de uma denúncia ou de coisa parecida. Às folhas tantas, porém, alguém diz que no passado o bestialialismo era mais comum e com danos – imagina-se – menores que o envolvimento infantil de agora, haja vista as conseqüências permanentes ao psiquismo. Eu lembrei, então, de dois casos interessantes, ambos contados em meu tempo de juventude, um desses, inclusive, com o meu testemunho pessoal.
Foi o de “Monstro”, um conhecido – nem colega e nem amigo – que tinha esse apelido pelas barbaridades que se habituara a fazer. Era um tempo diferente, sendo comum proibir as namoradas das maiores besteiras. No caso dele, recomendou não usar bermudas sequer em casa, mas teve o desprazer de encontrá-la nesses trajes. Mandou tirar a peça imediatamente e pediu que voltasse com a aludida e ao mesmo tempo proibida vestimenta e mais uma tesoura grande. Pois cortou as pernas daquele “short” mais longo em tiras, devolvendo-a às mãos e às pernas que desrespeitaram as ordens. Não preciso dizer que a moça abriu num pranto convulso de difícil contenção. Tinha, afinal, comprado a roupa fazia dois dias, com o suado ordenado do pai. Que horror!
Mas, a história de que fui testemunha é outra e se desenrola em Santo Amaro das Salinas, onde morei. O "Monstro" chegou e disse: “Geraldo! Estou apaixonado por uma cabra!” E eu, perplexo: “Uma cabra?”. Explicou as suas estranhas inclinações e pediu que fosse vê-la com ele, pois constantemente a visitava e já contabilizava dois dias sem comparecer ao Jet Club – nem sei se ainda existe – para uma troca de afetos ou um afago qualquer. Fomos à agremiação da Ilha do Leite e foi ele quem me indicou um monte de barro no muro, em cuja elevação subimos. Ele, com cara de pau, a chamou: “Mimosa! Mimosa!”. O bicho levantou a cara de lado, como fazem todos os outros caprinos do mundo e piscou o olho, como qualquer cabra. Mas a sua observação foi ótima: “Viu? Não é mentira!”. Quase digo: “Mas ‘Monstro’, perder uma namorada bonita por uma cabra vagabunda! Homem tenha vergonha! Tome jeito!”. Mas, não disse, o homem era agressivo e bruto. Não levava desaforo pra casa. E eu não ia, agora, me desentender!
No pequeno bairro em que morou a minha mulher, à época de namorada ou ao tempo de noiva já, eu era quase um deus. Estudava medicina e ouvia as queixas dos nativos do lugar ou de quem chegara ali e se acomodara na condição de migrante, tão comum nas localidades todas. Certa vez até, lembro de um matuto que me aperreava muito, pois era hipocondríaco e todas as noites inventava mais uma doença. Era um rosário de queixas. Homem novo, sem mazelas visíveis e detectáveis clinicamente, terminei com um diagnostico, em tudo, inusitado: “Zé de Maria! O que você tem é simples: sintomas da menopausa! Aguarde que vai passar!”. Resultado, me deixou em paz por meses seguidos.
Mas, Dona Mocinha, que nem merecia o apelido, tal o envelhecimento em seus 35 a 38 anos, tal a quantidade de rugas e tal o progressivo definhar de seu corpo. Chamou-me de parte – já se vão mais de 40 anos –, e aos cochichos foi confessando as suas dores, mas da alma que do corpo magérrimo. É que Biu de Conchita, seu marido, era incômodo até demais: tinha com ela duas, três intercursos sexuais, chovesse ou fizesse sol. E ainda mais, revelou, quando vai para o trabalho leva a burra Marica e se satisfaz com ela. Fazia medo, dizia, pegar doença do animal e de mais a mais trocá-la por um asno. Era humilhação demais. Fosse por uma mulher, nova e bem parecida, ainda, ainda, mas por um bicho chegava ao cúmulo do absurdo. Também achei, mas cabia a Dona Mocinha determinar o seu destino, o de Biu de Conchita e o da burra Marica. E viveram juntos a vida toda, os três!
Foi o de “Monstro”, um conhecido – nem colega e nem amigo – que tinha esse apelido pelas barbaridades que se habituara a fazer. Era um tempo diferente, sendo comum proibir as namoradas das maiores besteiras. No caso dele, recomendou não usar bermudas sequer em casa, mas teve o desprazer de encontrá-la nesses trajes. Mandou tirar a peça imediatamente e pediu que voltasse com a aludida e ao mesmo tempo proibida vestimenta e mais uma tesoura grande. Pois cortou as pernas daquele “short” mais longo em tiras, devolvendo-a às mãos e às pernas que desrespeitaram as ordens. Não preciso dizer que a moça abriu num pranto convulso de difícil contenção. Tinha, afinal, comprado a roupa fazia dois dias, com o suado ordenado do pai. Que horror!
Mas, a história de que fui testemunha é outra e se desenrola em Santo Amaro das Salinas, onde morei. O "Monstro" chegou e disse: “Geraldo! Estou apaixonado por uma cabra!” E eu, perplexo: “Uma cabra?”. Explicou as suas estranhas inclinações e pediu que fosse vê-la com ele, pois constantemente a visitava e já contabilizava dois dias sem comparecer ao Jet Club – nem sei se ainda existe – para uma troca de afetos ou um afago qualquer. Fomos à agremiação da Ilha do Leite e foi ele quem me indicou um monte de barro no muro, em cuja elevação subimos. Ele, com cara de pau, a chamou: “Mimosa! Mimosa!”. O bicho levantou a cara de lado, como fazem todos os outros caprinos do mundo e piscou o olho, como qualquer cabra. Mas a sua observação foi ótima: “Viu? Não é mentira!”. Quase digo: “Mas ‘Monstro’, perder uma namorada bonita por uma cabra vagabunda! Homem tenha vergonha! Tome jeito!”. Mas, não disse, o homem era agressivo e bruto. Não levava desaforo pra casa. E eu não ia, agora, me desentender!
No pequeno bairro em que morou a minha mulher, à época de namorada ou ao tempo de noiva já, eu era quase um deus. Estudava medicina e ouvia as queixas dos nativos do lugar ou de quem chegara ali e se acomodara na condição de migrante, tão comum nas localidades todas. Certa vez até, lembro de um matuto que me aperreava muito, pois era hipocondríaco e todas as noites inventava mais uma doença. Era um rosário de queixas. Homem novo, sem mazelas visíveis e detectáveis clinicamente, terminei com um diagnostico, em tudo, inusitado: “Zé de Maria! O que você tem é simples: sintomas da menopausa! Aguarde que vai passar!”. Resultado, me deixou em paz por meses seguidos.
Mas, Dona Mocinha, que nem merecia o apelido, tal o envelhecimento em seus 35 a 38 anos, tal a quantidade de rugas e tal o progressivo definhar de seu corpo. Chamou-me de parte – já se vão mais de 40 anos –, e aos cochichos foi confessando as suas dores, mas da alma que do corpo magérrimo. É que Biu de Conchita, seu marido, era incômodo até demais: tinha com ela duas, três intercursos sexuais, chovesse ou fizesse sol. E ainda mais, revelou, quando vai para o trabalho leva a burra Marica e se satisfaz com ela. Fazia medo, dizia, pegar doença do animal e de mais a mais trocá-la por um asno. Era humilhação demais. Fosse por uma mulher, nova e bem parecida, ainda, ainda, mas por um bicho chegava ao cúmulo do absurdo. Também achei, mas cabia a Dona Mocinha determinar o seu destino, o de Biu de Conchita e o da burra Marica. E viveram juntos a vida toda, os três!
Obervacão Pertinente: Os nomes próprios estão todos trocados, em respeito aos personagens da vida real .
A que nos leva as amarras sociais. Perversões têm grande fertilidade nas proibições e no silêncio das "vítimas". As satisfações sexuais acabam se enveredando por caminhos doentios por simples falta de diálogo e de abertura para os temas que se condicionaram como "tabus".
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