Nasceu em Madri o meu neto – Pablo de prenome –, como não poderia deixar de ser, compareci ao grande acontecimento. Evento, aliás, que se deu a 1º de maio, Dia do Trabalho, pelo que o extenuante trabalho de parto não obteve a finalização desejada – afinal era um feriado –, senão a partir de uma cesariana. A criança, então, só veio ao mundo depois de 6 horas da mãe internada, gemendo e chorando nesse vale de lágrimas, como parece ser a sina das mulheres. E muita água passou embaixo da ponte no intervalo de tempo. Em outras palavras, muita coisa pitoresca foi vista por mim e anotada, para posterior publicação neste espaço de crônicas. O neto é fofo, posso dizer, com todo “abestalhamento” a que têm direito os avós, no dizer de amigo meu; amigo, iclusive que me falou que esse exercício, o de se avô, nada mais é do que o avunculato. O meu pai dizia que estava com netite. Veja só o leitor!
Havia um enfermeiro – auxiliar de enfermagem, como imagino – que corria de um a outro lado da sala feito uma bala, como se lá por dentro alguma coisa de grave estivesse acontecendo. Todos acompanhavam o enlouquecido homem com a cabeça, seguindo-lhe a rapidez dos gestos e comentando uns com os outros. Comigo e com a minha mulher não havia forma de trocar palavras. Eles falam de uma maneira muito rápida e não há quem acompanhe, senão pedindo que fale mais lentamente, palavra por palavra. E o pior é que ficam pensando que somos italianos, sem perder a oportunidade de indagarem: “Son italianos?”. “No! Brasileños!”. Ora pau!
Por cá, a obesidade é um horror! Muita gente com bengala e gente que anda com dificuldade por conta da enormidade do corpo. Na maternidade, um homem manco acompanhava uma mulher imensa de gorda, que andava remando, como aquelas que conheci menino; as quais sendo bem feitas de corpo e jovens, eram também gordas: as albacoras. Nunca esqueci essas figuras e o meu amigo Moisés, o bíblico, de quem vez ou outra tenho falado, sempre me faz lembrar delas, declinando até os nomes de cada uma. Não fala da balzaquiana que trabalhava nos Correios e morava pras bandas da Gal. Semeão. Vivia sozinha, isolada, talvez apartada de seu velho amor, inclinando-se para os meninos das ruas do entorno. É isso ai!(*) - Crônica escrita em terras espanholas, sob uma temperatura amena de 23ºC, se muito. Mas, necessariamente, sob os acordes de uma músicalidade particular e peculiar: o choro de Pablo, meu neto espanhol.
Pai, cuidado com essa gripe!!! Beije bem muito Pablinho por mim, que só vou vê-lo... nem sei!
ResponderExcluirÓtima crônica!
Beijo grande e saudade.
Suas crônicas estão boas demais! E você não vai publicá-las? Faça um livro, homem, você tem público e muito mais.
ResponderExcluirSuas crônicas estão boas demais! E você não vai publicá-las? Faça um livro, homem, você tem público e muito mais.
ResponderExcluirluiz gonzaga cortez, jornalista natalense e pesquisador.