O dia não tinha amanhecido ainda e eu já estava de pé. Dormi como um anjo ou dormi como se fora um justo. Foi o trinar forte e agudo de uma sabia-gongá que me fez levantar. Fiz café e assei o queijo, juntei o presunto de peru e me sentei para fazer o que os estrangeiros chamam de desjejum. Sai para andar e o que vejo da paisagem por cá, me dá a mais absoluta certeza de que Deus existe. Só um ser superior pode criar tanta beleza em lugar tão pequenino. Estou em minha casa de Aldeia.
Enquanto o orvalho cair dos céus, molhando os automóveis estacionados e umedecendo a minha camisa, estarei certo de que há ainda alguma coisa de primitivo nos ares do mundo. Ou enquanto puder descortinar ao longe uma neblina frágil no entorno da mangueira enorme, que se ergue no terreno do vizinho ou nas encostas dos morros que vejo agora, terei esperança num futuro de bom convívio entre o homem e a natureza, por cá, nesse paraíso terrestre.
Vou caminhando, cumprindo o meu desiderato de vida, vejo pássaros em quantidade a meu redor. As sabiás cantam para que o fenômeno da reprodução se passe a contento, o mesmo se diga dos bem-te-vis e sanhaços ou o mesmo se diga de todos os outros passarinhos desse lugar. Um pássaro de maior porte, de cor marrom, assustou-se comigo e alçou voo. Será um joão moleque ou uma maria mulata? Não, não é! É uma rolinha fogo-apagou ou fogo-pagou, como chamavam os meninos da rua, nos anos de minha infância. Mas, ali adiante descortino a elegância de um Canário-da-terra, bicando grãos que emergem do capim verde, verde. Mas, esse pássaro de porte ainda maior, com o ventre branco e o dorso preto, mariscado, eu não sei o que é. Hei de procurar nas páginas do amigo Harrop, tão interessado nessas criaturinhas.
Vejo senhora pedalando a sua bicicleta, acima e abaixo, e lembro da minha antiga Monark, de pneus finos e contrapedal. Às vezes eu preferia ter outra com os pneus do tipo balão e com freios nas mãos. Menino nunca se conforma com o que tem. Mas, disse isso, para confessar que estou com vontade de comprar um veículo desse. Trazer aqui pra Aldeia e sair por ai pedalando, fazendo piruetas, repetindo outroras perdidos. Vou pensar melhor! Uma queda não será bincadeira.
Enquanto o orvalho cair dos céus, molhando os automóveis estacionados e umedecendo a minha camisa, estarei certo de que há ainda alguma coisa de primitivo nos ares do mundo. Ou enquanto puder descortinar ao longe uma neblina frágil no entorno da mangueira enorme, que se ergue no terreno do vizinho ou nas encostas dos morros que vejo agora, terei esperança num futuro de bom convívio entre o homem e a natureza, por cá, nesse paraíso terrestre.
Vou caminhando, cumprindo o meu desiderato de vida, vejo pássaros em quantidade a meu redor. As sabiás cantam para que o fenômeno da reprodução se passe a contento, o mesmo se diga dos bem-te-vis e sanhaços ou o mesmo se diga de todos os outros passarinhos desse lugar. Um pássaro de maior porte, de cor marrom, assustou-se comigo e alçou voo. Será um joão moleque ou uma maria mulata? Não, não é! É uma rolinha fogo-apagou ou fogo-pagou, como chamavam os meninos da rua, nos anos de minha infância. Mas, ali adiante descortino a elegância de um Canário-da-terra, bicando grãos que emergem do capim verde, verde. Mas, esse pássaro de porte ainda maior, com o ventre branco e o dorso preto, mariscado, eu não sei o que é. Hei de procurar nas páginas do amigo Harrop, tão interessado nessas criaturinhas.
Vejo senhora pedalando a sua bicicleta, acima e abaixo, e lembro da minha antiga Monark, de pneus finos e contrapedal. Às vezes eu preferia ter outra com os pneus do tipo balão e com freios nas mãos. Menino nunca se conforma com o que tem. Mas, disse isso, para confessar que estou com vontade de comprar um veículo desse. Trazer aqui pra Aldeia e sair por ai pedalando, fazendo piruetas, repetindo outroras perdidos. Vou pensar melhor! Uma queda não será bincadeira.
Passando para mandar um beijo para o Pablo. Ele está muito fofinho.
ResponderExcluirsobre os pássaros, eles são as minhas asas nos bons sonhos.
l.helena
Belo texto. O seu olhar sempre muito sensível, pai.
ResponderExcluirBeijo.
Geraldo,
ResponderExcluirO seu texto quase poético prendeu a minha atenção. Muito bom!!!!
Obrigada pelo convite e PARABÉNS pelo louvor. Reconhecimentos sempre nos deixam elevados. Estou nessa...
Eliana
Pulo uma ou outra crônica sem postar meus comentários. Isso, unicamente, porque sempre tem aquilo de a gente ser tocado mais por determinadas coisas. Esta, foi daquelas que batem lá dentro mesmo. Ir buscar bicicleta Monark, freio contrapedal, sabia gongá, rolinha "fogopagou" e canário da terra foi demais! Tenha pena de mim, Geraldo, "facisso não"! Foi como se o carro do tempo mudasse seu rumo, me levando de volta pra Rua Arnaldo Bastos, número 90, na Madalena. Foi por ali que eu tive, no dizer de Manoel Bandeira, "meu primeiro alumbramento" e, no entorno dos terrenos baldios, vi e vivi tudo isso que você falou. Uma vez, eu joguei os pedais da "bicicleta contrapdedal" (Monark) pra trás, na rua lá de casa e ele falhou: fui com a cara no portão da casa de Nilton Sucupira, nosso vizinho. Que foi isso, gritou Dr. Renato Silveira, seu sogro.Por isso, preferia freio de mão. "Belos tempo, belos dias". Um abraço, Silvio Costa(UFPE).
ResponderExcluirGeraldo,
ResponderExcluirEnviei um comentário que não foi publicado. Não estava, talvez, inspirada...
Todavia, todavia, PARABÉNS!!!!!!!!
Eliana
caRO gERALDO: Morei, digo melhor, veraneei por 10 anos nesse aprazível lugar chamado Aldeia. Depois, meninos e menina casados, um morando bem longe da gente, vi desnecessária a manutenção da casa por lá. E a vendi a nossa amiga Téta BArbosa. Minha casinha eu a chamava de “Sonho Azul”, mas Téta mudou-lhe o apelido para “Casa Azul” e assim ficou sendo pelo tempo em que ela morou por lá. Aldeia tem uma desvantagem só: aquela estrada única e estreita. Qualquer coisa, para tudo. Trava tudo. E se vai o encanto. E cai a certeza de que Aldeia vm se tornando quase uma extensão do Recife. Uma extensão para quem tem saudade do campo e da liberdade; dos frutos tirados no pé e dos passarinhos cantando pra gente. Sou ciclista de fé e por vocação. E te dou um conselho: jamais deixe de pedalar; nem que seja por perto de casa e devidamente protegido. MAs nem precisa. Quem pedala desde menino sempre vai ser um ciclista e jamais vai abdicar desse prazer.. Volte a pedalar e marcaremos uns passeios por aí.. Minha magrela de pneus balão também está sempre azeitada. Madrugo com ela pelas ruas de Casa Forte, sempre que posso. Abração!
ResponderExcluirDr. Geraldo,seus textos poéticos e nostálgicos deixam sempre a nossa infância mais próximas do hoje. Diria mais, "parece que foi ontem": eu acordava bem cedinho e, escondido da minha irmã, pegava a sua bicicleta Raleigh de pneus balão, pra aprender a me equilibrar,sem sentar, porque eu era pequena e não alcançava o selim. Depois de infinitas quedas aprendi mas a minha própria bicicleta nunca tive; o jeito foi crescer e caber naquela mesmo. Obrigada por nos presentear com esse "acorda passado" que nos faz tão bem.
ResponderExcluirLÚCIA PEDROSA.