Corria o ano da graça de 1960 e eu era aluno do Colégio Nóbrega, começando o Curso Científico, quando Jânio da Silva Quadros candidatou-se a Presidente da República, tendo como seu concorrente o Marechal Lott. Eu tinha, apenas, 16 anos de idade, mas já vislumbrava certos compromissos sociais e via com reservas o desvario do homem. Mas, a vassoura a que se referia, como sendo suficiente para varrer a sujeira toda do poder, francamente, me agradava. Alguns colegas usavam o símbolo do homem na lapela, um brochezinho com a vassoura em metal dourado. Acho até que cheguei a usar. No fim, no fim, como sempre acontece, pouco serviu o instrumento principal do novo mandatário. A verdade é que depois de eleito passou a se preocupar com coisas simples, fora de propósito, como proibir o uso de biquínis e as rinhas de galo, restringindo as corridas de cavalo aos finais de semana. Isso o levou à ridicularia geral.
Lembro, todavia, de algumas concentrações nos meus anos de menino, eram comícios que se realizavam no bairro em que morava: Santo Amaro das Salinas. Ali, pras bandas da rua Tupinabás ou da rua Tupiniquins, mas sobretudo certas manifestações na vizinha Afonso Pena, com os candidatos postos em cima de um caminhão e o foguetório nos ares, pipocando a alegria da gente simples daquele rincão. Lembro, também, do célebre comício na Central do Brasil, no Rio, depois do qual instalaram-se os anos de chumbo. Lembro do político do bairro, cuja filha foi a mulher mais bonita daqueles anos no lugar; simplesmente linda, esguia e bem feita, bem dividida em suas formas de violão, vestindo um short apertado dentro de casa, subindo e descendo as escadas. Criatura de belíssimas pernas, capazes de enfeitiçarem o penitente. Ah! Muitos suspiravam por ela! Gente que tomava uma carraspana e ficava repetindo seu nome: Ricarda! Ricarda!Ricarda! A noite toda nesse tem-tem.Desses coisas todas, sabe melhor Moisés que eu.
Eu não sou de participar de campanhas políticas. Uma ou outra perdida, talvez, durante toda a vida. Lembro que na redemocratização do País sai às ruas, pedindo as “Diretas já!” e depois, no movimento dos “Caras pintadas”, também, mas nas duas ocasiões já era casado e pai de filhas. Saímos todos às avenidas do Recife, em bloco, quase posso dizer, pedindo o afastamento do Presidente da República. Nesse tempo, quando as eleições chegavam, era engraçado, as duas filhas mais velhas torciam por partidos diferentes – o PFL e o PMDB –, como andavam no banco de trás do carro, cada uma de um lado, eu aprovei a ideia de portarem nas respectivas janelas as bandeiras dos dois partidos. Era uma pandega isso! Sendo assim, por onde passava o povo ficava admirado com aquela opção, ao mesmo tempo conservadora e liberal para os padrões da época. Hoje, se diz que os antigos liberais viraram conservadores. Sei não!
Quando tirei o título de eleitor, fui logo designado mesário e passei a ser convocado pelo Tribunal a cada eleição. Era uma coisa danada, até que me livrei desse compromisso. Mas num desses pleitos, eu estava na sessão eleitoral e um pobre homem entrou no ambiente de chapéu, gente mais velha à época, do interior, habituada a cobrir a cabeça e o presidente era um dramático, suspendeu os trabalhos até que o eleitor se dignasse a descobrir a cabeça, em sinal de profundo respeito à pátria e seus cidadãos. Ora mais que coisa, quase digo! De outra feita, a esposa de primo meu, com a barriga enorme, esperando seu primeiro filho, estava sentada na sala de votação aguardando a vez, quando eu cheguei junto do presidente e disse: “Aquela senhora ali, grávida, vai desmaiar!”. Todo e qualquer integrante do corpo eleitoral tem um medo horroroso de um desmaio assim. Com isso, ela votou em primeiro lugar.
Foi numa dessas ocasiões que vi pela última vez Líbia Bunda Murcha! Não sei de seu destino e do que fez com aquele namorado renitente, que marcara casamento tantas vezes. Não havia jeito de contrair núpcias. Mas era uma derretida de meter medo a qualquer novo suplicante que aparecesse no pedaço!
(*) Lembranças de outras eleições e de outros candidatos. Tempo que se foi misturando a beleza de Ricarda com a feiura de Líbia. Deus as conserve neste mundo! Comente o leitor neste espaço mesmo do Blog ou o faça para os e-mails: pereira@elogica.com.br ou ainda pereira.gj@gmail.com
(*) Lembranças de outras eleições e de outros candidatos. Tempo que se foi misturando a beleza de Ricarda com a feiura de Líbia. Deus as conserve neste mundo! Comente o leitor neste espaço mesmo do Blog ou o faça para os e-mails: pereira@elogica.com.br ou ainda pereira.gj@gmail.com
"Gostei dos textos desse blog, distraem e faz a gente rir um pouco, parabéns e econtinue assim".
ResponderExcluirUm abraço,
Diógenes
Geraldo, depois de tantos anos,te acho na internet. Sou Fernando Borba (Oscarito). Onde andam nossos colegas? Moro no RJ.Fernandoborba@grupopbn.com,br. Carlos Eustáquio, Francisco Basanti, Fernando Castanha, Augusto Brenand,Luiz Carlos Batista, e tantos outros.
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