Na vida tudo está diferente, essa é que é a grande verdade. Nos subúrbios as habitações com jardins e grandes quintais não existem mais, tombaram, vergaram à força da demolição e os lotes foram reunidos para que se possa construir um espigão a mais em cada recanto da urbe. São prédios e mais prédios nos bairros da classe média, espetando o solo, como se o mundo fosse uma grande tábua de pirulitos. Não há sistema de esgoto ou de água que possa dar conta dessa febre na construção civil. O meio ambiente também não suporta tanta mudança e tanto concreto esquentando os ares urbanos. A água, o bem maior da humanidade, corre poluída, contaminada por dejetos humanos, imprestável para o consumo potável.
O desenvolvimento da ciência e da técnica não se fez acompanhar pela humanização da criatura, antes o contrário. Os vizinhos de prédio, ocupantes dos apartamentos de agora, são diferentes dos antigos moradores da casa ao lado ou daqueles de uma mesma rua. Folguedos curtidos pela comunidade inteira como o Natal e o Ano Novo, assim como o São João e o Carnaval, são, atualmente, festas quando muito da família e nunca envolvem os demais. Nas comunidades verticais – os edifícios -, o elevador, que passa lotado todas as manhãs, conduz gente no mais das vezes, estranha entre si. No máximo um cumprimento formal e lá segue o veículo de todas as verticalidades. No final do ano, por vezes, uma ceia congrega o condomínio por seus integrantes, raramente contando com a presença de todos.
Nas últimas cinco décadas – pouco menos de seis décadas talvez – a humanidade vem assistindo e, sobretudo, vivenciando extraordinárias transformações, as quais têm contribuído para as mudanças nos estilos e na qualidade ide vida do homem. Nunca a ciência e a técnica avançaram tanto como nos cinquenta ou nos sessenta anos que se passaram, colocando a serviço da criatura recursos que fogem até ao poder do imaginário, de cuja força criadora nasceram os relatos da ficção científica, muitos dos quais materializados depois.
A informática revolucionou o mundo, inserindo a máquina em todas as atividades, desde aquelas de natureza estritamente doméstica às de cunho laboral, facilitando tudo. Assim, o microcomputador ocupa hoje lugar importante na casa de muitos e no trabalho de todos ou de quase todos, processando a informação nos mais diversos níveis, do gerenciamento de dados à virtualidade da inteligência artificial, que não vem para superar as potencialidades humanas, mas para contribuir no aperfeiçoamento cada vez maior da produção.
(*) Meus caros e distintos leitores. O texto de hoje é uma parte de um livro que hei de terminar. Aliás, hoje fui buscar as provas de outro, no estilo corrente de crônicas e com o título de: Crônicas Virtuais. Ficou lindo! Vale pela capa, ao menos. Conto com a presença de todos nos jardins da Academia de Letras, em setembro. Este outro, do qual publico uma pequena parte, será um ensaio e abordará o que vi e o que vivi nos meus anos de existência no século XX, um tempo de mudanças e transformações. O Blog é reproduzido no jornal A Besta Fubana. O autor agradece aos leitores que comentarem.
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