Sabem os meus leitores que sou chegado
a um trote telefônico, sobretudo como forma de descarregar as tensões. Às vezes,
muito estressado, recorro à invenção de Graham Bell e me passo por outro. Depois
de rir às bandeiras despregadas, garanto que volto à normalidade das coisas. Foi
assim daquela vez em que abordei a clínica veterinária de Aldeia e disse que
tinha capturado uma raposa e que ela estaria doente. O que fazer? E a mocinha
que atendeu, perplexa, disse: “Só chamando a veterinária.”. E eu desliguei!
Ainda por lá, no aprazível bairro de
Aldeia, fiz a chamada para uma casa de vender plantas e informei: “O major
Fagundes aqui de Araçoiaba faleceu e você sabe que ele gostava muito de
plantas, por isso estamos desejando fazer o velório ai!”. Não, respondeu o
empregado, aqui não se faz velório e logo hoje, um dia de sábado, com o
movimento que está, vai atrapalhar tudo!. Eu insisti: “Amigo! Pois o carro
funerário que veio do Recife já partiu pra ai e chega já!”. E ele: “Olhe
suspenda isso imediatamente, porque se estacionar aqui nós vamos quebrar de pau
quem vier trazer!. E a novela ficou por ai!
Certa vez, ligou pra minha casa uma
criatura qualquer. Sem que se identificasse, procurou por outra, digamos que
tenha procurado por Severina. Assim: “Severina está?”. Não, respondi, Severina
morreu e já faz algum tempo. E a interlocutora de ocasião: “Meu Deus do céu, eu
não soube! De que ela morreu?”. Eu nem sei de que morreu, pois sou da família,
mas entrei agora na constelação parental e não conheci essa defunta. A mulher,
indagou como tinha entrado tão recentemente na família e eu justifiquei que
resolvi casar com a irmã da falecida, de quem era amante há muitos anos.
Amante? Foi o que indagou! Sim, amante! Tem alguma coisa contra. “Não!” E
desligou!
Mas o que motivou esta crônica, como
forma de homenagear a sexta-feira de Carnaval, foi aquela ligação que recebi há
muitos anos, lá na Boa Vista, onde morava; Boa Vista para uns e Santo Amaro
para outros. A verdade é que ai pelas 16 horas, já tinha chegado do trabalho,
porque nesse dia não se tem muito o que fazer, quando fui atender o telefone. A
voz feminina jovem perguntava por Marcondes. Assim: “Marcondes está?”. E eu com
a maior cara de pau: “Está ai junto, no bar, completamente embriagado. Nem dá
para chamar, porque ele veio aqui ainda agora e foi de quatro pés.”. A mulher
enlouqueceu e ainda teve coragem para continuar falando, dizendo: “Mas, ele me
prometeu ir amanhã ao Galo da Madrugada! Eu vou matá-lo quando o encontrar
sóbrio!”. E eu, ainda com a mesma cara de pau: “Moça! Todos os anos ele promete isso
a alguém e nunca conseguiu cumprir!”. Não sei, francamente, se ela o matou ou não,
o que sei é que dei uma sonora gargalhada e me mandei para o “Nem sempre Lili
toca flauta”, dos agrados de minha mulher.
(*) - Uma homenagem à sexta-feira carnavalesca, dia dedicado aos filhoses com um mel de laranja bem cuidado, tão dos agrados de minha tia Lola, a quem dedico esta crônica de agora. A Maria Ângela também, a prima de tantos encantos, vibrante com as coisas do passado, sempre lembrando do corso e de outras brincadeiras do Carnaval. O texto é de hábito reproduzido no Jornal A Besta Fubana. Desejando o leitor, nao hesite em comentar os trotes, usando o espaço mesmo do Blog ou enviando e-mail para os endereços pereira@elogica.com.br ou pereira.gj@gmail.com
tai um viés que vc ainda é mais sabido: o texto de humor. também chegado a essas peraltices, já passei v´rios. lembro de um cara que num sábado de manhã ligou em busca de uma certa carol.
ResponderExcluirFoi à praia com beto, respondi.
Quem?
berto ou beto sei lá, quase toda semana vem um diferente.
Quem tá falando?
Sou o avô dessa safada. a irmã tá no mesmo caminho, saí com todo mundo
veio o silêncio e sinal de desligado.o bicho pegou ar