sexta-feira, 10 de maio de 2013

As mães de meu viver

Com minha mãe. Depois de 2005.
                 Minha mãe está quase morta, morre todos os dias, um pouco mais ou um pouco menos. No leito derradeiro cumpre o sacrifício da finitude. Morta, mas viva! Viva em todos os sentidos; viva porque existe em meu coração e viva por tudo que fez nos dias de sua existência. Mas, nessas comemorações do Dia das Mães, em que pese os interesses do comércio, ela não acompanhará os festejos, sequer sabe mais dessas coisas. E eu não posso ligar para saber de seu presente e não ouvirei a resposta de sempre: “Um corte de fazenda azul, de puro algodão!”. E lá ia eu comprar! Nem sempre era fácil encontrar, mas conseguia levar no dia aprazado um pacote em papel de luxo.
 
A casa em que nasci e vivi minha juventude
Tudo passa nessa vida, essa é que é a grande verdade das coisas. Não existe mais a mãe de meus anos de menino; a mãe preocupada com uma febre passageira ou inquieta com a tosse de cachorro, como costumava chamar. Sequer existe o menino! Vai desaparecendo a mãe das horas incertas, das palavras ditas em momentos de tantas angústias. Não há mais em mim a decisão diária de pegar o telefone e ligar para ela a cada amanhecer, para indagar sobre as novidades e ouvir a resposta: “Sem novidades, meu filho!”. Ninguém me chama mais de meu filho. Estou caminhando para a completude da orfandade!

Minha filha Patrícia, a mãe devotada de Júlia

 É assim mesmo, hei de passar o domingo dedicado às mães em companhia de minhas filhas; de minhas filhas e de minha mulher. Cada uma, a seu modo, também com esses predicados maternos. Há um motivo, porém de grande alegria entre nós, é que acaba de chegar Júlia Maria, uma desejada neta, parida das entranhas abençoadas de minha filha Patrícia. Foram anos seguidos numa espera que às vezes impacientava. Inseminações e outros procedimentos da modernidade, até que a natureza decidiu-se e deixou que viesse ao mundo a beleza que tem sido Júlia. Filha natural de Patrícia, a mãe que é minha filha e  Cláudio, o pai que é um dos meus queridos genros.

O avô e o neto.
Fico refletindo nesses meninos que são meus netos, Pablo, ao mesmo tempo espanhol e brasileiro e agora Júlia, que é Maria. Deus permita que cresçam e se desenvolvam dentro daquilo que esperam seus pais, fazendo votos de que sejam muitíssimo felizes. Tão felizes quanto suas mães, minhas filhas, com o nascimento e o correr dos anos em que despertam para o grande banquete da vida. Deus os proteja!
 
Musa de meus encantos: O começo.
Deus os faça lembrar das horas que passaram insones e das preocupações nascentes de suas mães; mães que terminaram admirando o cocô de cada um e comunicando por "torpedo" a eliminação escatológica. Viva, foi a resposta!

 
Três gerações: a avó, a filha e o neto.
No dia das mães faço a minha homenagem silente à minha mãe, que não vê e não ouve, não come por si e gosto não sente. Homenagem, também, às mães de outras gerações: minha mulher e minhas filhas. 
 
 
 
 
 

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