O Colégio contratou um novo professor de geografia, um
militar, rígido com as determinações e com as rotinas da escola. Havia recomendado
que consultássemos o atlas que tinha indicado no inicio do ano e eu, na minha
irreverência, não costumava levar esse material. Sentava-me com um colega e
como era querido por todos, tinha boa aceitação em qualquer lugar. Mas, o
mestre não perdoou e indagou:
Abri no choro e aos soluços expliquei:
- O meu pai é pobre e não pode comprar dois livros desses,
razão para que me sente com o meu irmão gêmeo.
- Oh! Meu filho! Você pode sentar com seu irmão sem problemas.
Não vamos criar caso por causa disso. Diga a seu pai que basta dispor de um
volume e nada mais.
Eu não disse nada a meu pai, claro, primeiro porque eu tinha
um atlas e segundo porque o colega não era meu irmão. Só não fazia levar para o
Colégio o livro de mapas, por pura preguiça.
Foi esse mesmo professor que me mandou pra fora da sala. Eu
fui e troquei a camisa na quadra de basquete, vesti uma peça de um
atleta que estava em campo jogando. Voltei pra sala de aula! Ao que fui
advertido de que não poderia entrar. E, de forma muito sem vergonha, disse:
“Está falando comigo? O senhor está me confundindo com o meu irmão gêmeo, que
saiu daqui há pouco.”. E o homem engoliu!
- Meu caso mestre, em nome dos meus colegas todos desejo lhe
felicitar pela passagem de seu aniversário!
E ele:
- Engana-se o mestre porque segue o Calendário Gregoriano.
Aqui seguimos o Calendário Lunar, pelo que temos hoje – justamente hoje – o seu
aniversário.
Ai cantamos o “Parabéns pra você”, aplaudimos o mestre
demoradamente e com isso adiamos uma prova antes marcada. Foi um acontecimento.
Mas, o nosso professor de geografia aplicou uma prova
inusitada, pois que deu um problema matemático num certo quesito, pedindo que
fosse calculada a latitude. Novamente entrei em ação.
- Mestre ilustre, não costumamos resolver questões matemáticas
na matéria que leciona: geografia. Utilizamos os cálculos em matemática e no
máximo em física, mas em geografia, de forma alguma.
E o mestre accedeu. Retirou o quesito e se demitiu. Ninguém
sabe exatamente as razões, mas a verdade é que não veio na próxima aula.
(*) Desejando o leitor comentar a crônica incuída no espaço do Blog, por favor não hesite. O faça aqui mesmo ou para o e-mail pereira.gj@gmail.com
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Meu caro Acadêmico, interessante a sua vida: Foi menino "levado da breca" na Rua Bispo Cardoso Ayres, no colégio, e, até hoje, não perdeu o "jeito". Mostra isso, quando faz um trapeiro cantar o Hino Nacional Brasileiro no meio da rua, e um veterinário fechar sua clínica com medo do elefante diarreico que você informou, por telefone, que lhe enviaria para tratar. Pobre do homem! Tem mais, mas deixa por aí mesmo... Por outro lado - e o mais curioso, pelo menos, para mim -,é que, em paralelo a essas estripulias, você desenvolveu o intelecto, levando-o à dedicação às letras, o que tem feito com maestria. Imagino que, no primeiro caso, tenha herdado do Tio Cícero Fernandes de Macedo, o que comia peixe vindo das nuvens, e, no segundo, é claro, veio do Grande Nilo, não o Rio, mas o Pereira, que, também, era grande! Um forte abraço de admiração. Silvio Costa, o da UFPE.
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