Eu me
surpreendo, às vezes, pensando que a justiça divina nem sempre funciona de
forma adequada. E isso vem me incomodando de uns dias para cá, depois que vi
uma mulher adoecer, em plena juventude, acometida por um câncer aos 31 anos de
idade. Uma pessoa que não fazia mal a ninguém, que vivia seu cotidiano de forma
singular, pois que sendo moradora da Ilha do Maruim, habitando um casebre
insalubre, nunca deixou de cumprir com as suas obrigações, nunca deixou de
trabalhar da forma mais ávida que se puder imaginar, fosse como babá ou como
simples faxineira.
Foi
babá de meu neto Pablo, sendo mais do que cumpridora de seus deveres, porque se
mostrou extremamente afetuosa, dedicando-se à criança como se fosse uma segunda
mãe. Mulher que se despediu dele, de Pablo, quando viajou para São Paulo,
chorando um pranto saudoso e recebendo dele um forte abraço, de quem talvez
antecipasse um adeus que não gostaria que acontecesse tão cedo. Passou a ser a
faxineira de minha casa e arrumava a minha biblioteca de tal forma bem, que os
meus colegas a tratavam por bibliotecária. Era capaz de localizar um livro ou
um trabalho impresso com a facilidade dos que fazem as coisas com amor.
Pois
é, doente, fizemos tudo por ela! Fomos buscar a melhor assistência do SUS, nas
dependências do IMIP. E ela foi fazendo os exames e piorando, até que conduzida
ao Hospital Miguel Arraes, obteve ali uma atenção médica de primeira qualidade.
Mas, não houve como resolver o caso! E as minhas indagações existenciais
passaram a me incomodar mais e mais. Não, não é de Deus essa desejada
misericórdia! É dos homens, dos governantes a obrigação de assegurar às pessoas
os meios necessários à sobrevivência de todos. E, infelizmente, a sensibilidade
dessa gente passa longe. Só lembram do próximo quando as eleições se aproximam
e não garantem, sequer, os meios necessários à prevenção dos que estão nesse
banquete da existência terrena.
Uma
coisa é pertencer às elites econômicas no Brasil e outra é estar dentre os que
precisam e são desvalidos. Essa gente há de pagar pelo descaso com os outros na
eternidade das coisas, já que por aqui não se submetem sequer ao judiciário.
(*) - Texto escrito há cerca de 15 dias, quando a babá de meu neto Pablo e ultimamente faxineira de minha casa se ultimava no Hospital Miguel Arraes, onde, aliás, teve toda assistência possível. A crônica, publicada no Jornal do Commercio a 20 desse mês corrente, é a expressão da minha revolta, diante da falta da mnecessária prevenção para toda gente neste País infestado de corrupto. Se Jaislane Tertuliano tivesse acesso a medidas dessa natureza, precoces e efetivas, não teria fechado os olhos ontem, 26 de setembro.
Meu caro acadêmico Geraldo
ResponderExcluirMuito admiro essa sua veia que o faz preocupado e atencioso com o humano. Lembro bem e nunca vou esquecer, quando os chamados poderes constituídos desprezaram o "caso Getúlio. Não que o ressuscitasse, mas propiciasse à família o consolo da punição no mundo dos homens. Do alto do seu reitorado na UFPE, você veio à planície e fez encontrar o culpado pela atrocidade. Vando também lhe é grato. E reconhecido. As vezes em que me encontra na Universidade pergunta pelo Dr. Geraldo. Qual a novidade, então, de você ter dado assistência à sua trabalhadora do lar? Que Deus assim o conserve. Silvio A. Costa.
Caro Geraldo:
ResponderExcluirO caos da nossa saúde pública e os desmandos dos inoperantes senhores que dela "cuidam" faz-nos pensar seriamente se tantos iriam embora assim...
Poucos têm acesso ao que lhe é de direito, mas não recebe. A prevenção. Ficamos nós vendo as pessoas irem por conta da falta de humanidade dos que estão no poder para se locupletarem deixando os que pagam impostos (altos) morrerem ao seu bel prazer. Inadmissível! Que Deus o mantenha iluminado e que ela descanse em paz...
Um abraço,
Lígia Beltrão - Colunista Divulga Escritor, Pág Cálice Literário (Mosqueteiras Literárias) Facebook