Tenho acompanhado o empenho do Fórum Socioambiental de Aldeia, à frente Manoel Ferreira, através do jornal “Folha de Aldeia”. Observo e até fotografo os troncos de jaqueiras que são transformados em móveis rústicos, expostos à margem da rodovia. É que sendo a árvore exótica, está imune à proteção da lei ambiental. Mas, como destaca a “Folha”, embora tenha sido trazida de fora, está perfeitamente integrada à Mata Atlântica, como sucede também com a mangueira. Esquecem os artífices dessa derrubada insana que o desaparecimento da flora afugenta a fauna ou mata os bichos e com isso desarranja os ecótopos, aproximando do homem certas parasitores contidas na intimidade florestal. Foi assim em Itamaracá com o Calazar e tem sido assim na Zona da Mata toda com a Doença de Chagas. Os reservatórios silvestres desaparecem e o ser humano se inclui no ciclo parasitário. Cansei de ver essas coisas! A natureza cobra a insensatez humana!
A colonização deste País e de Pernambuco, sobretudo, foi feita às custas da destruição da Floresta Tropical. A cana-de-açúcar ocupou o massapé gorduroso de que fala Gilberto Freyre. Promoveu o fausto efêmero da família patriarcal e provocou a falência dos senhores todos ou quase todos. As usinas substituíram os engenhos e passaram a dever aos bancos oficiais fortunas nem sempre pagas. A ilusão do canavial voltou a seduzir os proprietários com a inserção do álcool como combustível. O trabalhador rural foi expulso da terra, abandonando a agricultura de subsistência e o criatório. Migrou, enfim, para as metrópoles, onde reside na desordem dos assentamentos urbanos. A enormidade da Mata Atlântica, com toda a biodiversidade de que dispunha e em ainda dispõe, mesmo que em proporção mínima, feneceu.
O mundo vive uma situação séria em termos ambientais, o aquecimento global é uma realidade e na Área Metropolitana do Recife isso é patente, basta acompanhar as temperaturas que se tem no cotidiano das coisas ou basta experimentar o calor escaldante dos dias e das noites. Não há mais quem aguente tanta quentura. Em Aldeia, está na “Folha”, uma senhora acusa o termômetro de ultrapassar os 30°C, coisa que não se tem na localidade, tal a umidade. Dentro de mais alguns anos não se verá mais o orvalho da manhã e o sereno das madrugadas. (*) - Um texto escrito há algum tempo, publicado já no Jornal do Commercio do Recife, outra vez divulgado como forma de dispor de uns minutos a mais para vestir o livro que será lançado na Bienal, com Prefácio de Gustavo Krause e orelhas de Jorge Siqueira. Comente: no espaçco mesmo do Blog ou para os e-mails: pereira@elogica.com.br ou pereira.gj@gmail.com
Parabéns Dr Geraldo por esse texto que considero um manifesto em prol de Aldeia.Eu, assim como o senhor, me considero apaixonada por aquele pedaço abençoado de terra, é lá on- de pretendo residir, em breve, para tentar dar mais qualidade de vida aos meus filhos. Creio que devemos lutar obstinadamente para que ao subir a serra , tenhamos temperaturas mais amenas, o ar menos poluído e um ritmo de vida mais saudável . Isso implica em nos mobilizarmos contra o desmatamento e para que o desenvolvimento ,não se oponha a sustentabilidade daquele aprazível local.
ResponderExcluirParabéns pelo texto, pai. Você, como sempre, se preocupando com as causas nobres. Espero que Aldeia seja preservada, mas a história não nos dá muita esperança...
ResponderExcluirDesde este espaço virtual, cuja janela nos abre ao mundo inteiro Geraldo e, a quem corresponda: Cuidar o médio ambiente, é muito o dano causado, mas ainda há tempo, amanhã, com toda segurança, será tarde.
ResponderExcluirDesejo que Pernambuco aprenda dos erros do passado, e por extensão Brasil tambien reconsidere suas políticas; como agora tenho visto que Lula tem reorientado, obrigado pela direcção que toma a política de outros candidados.
Um forte abraço desde Espanha.
Hermenegildo
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