sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Do Réveillon e de Tambaba


Foi uma passagem de ano singela, talvez a mais simples de todas em minha vida, mas, com toda certeza, a mais feliz, a mais agregadora e a mais afetiva. Afinal, estávamos todos juntos: a esposa, as filhas, os genros e os netos. Foi uma experiência ímpar! No alto de uma colina vimos o espocar dos fogos e ali nos abraçamos todos, desejando felicidades no porvir das coisas. Um espetáculo luminoso também muito simples, bem distante dos executados nas grandes cidades, do Rio de Janeiro ou mesmo do Recife. Estava começando o ano, depois de ter findado outro, como acontece desde que o mundo é mundo. 
Fizemos o exercício de juntar a todos e partimos em dois carros para a paradisíaca praia de Carapibus, no município de Conde, domínios da Paraíba. Chegamos por lá com o sol caindo no horizonte e fomos admirar o entorno da Pousada Laguna, que nos acolheu da melhor forma. O pequeno hotel, de cinco quartos, se muito, encontra-se no alto de uma serra, cuja descida, íngreme como é, obriga o turista a utilizar-se do máximo de sua força física para subir de volta ao topo do lugar. Mas, vale a pena descer, porque a vista do mar é extraordinária. O oceano enorme estava subindo e em sua maré alta dava a impressão de querer levar tudo a sua volta. Beleza aquela visão!  
Daí por diante foi só beleza e mais beleza. Tudo conforme se dizia por cá, nesta selva de pedra em que vem se transformando o Recife; selva de pedra e de carros engarrafados. Na barraquinha de beira-mar, enquanto degustávamos o peixe serra que resgatava outros momentos e outras praias maravilhosas, os netos se fartavam com o vaivém das ondas do mar. Uma de 9 meses, que faz o mais velho, nos seus 4 anos de vida, dizer que ela tem apenas “zero anos”. Veja só o leitor! Foram esses dois os que mais aproveitaram da estadia e a menor quase aprende a chamar pelo vovô coruja. Júlia e Pablo, ela brasileira e ele espanhol  de nascimento, divertiram-se a valer, no mar e fora dele.  
No penúltimo dia, fomos à Tambaba, praia ainda mais bonita que a outra, sem a necessidade de se tirar as roupas ou os adereços. O mar estava entrando na preamar e em pouquíssimo tempo encheu; encheu do conteúdo hídrico e encheu de gente. Em poucos minutos o local estava repleto de farofeiros e turistas. Uns atravessavam a barreira da indumentária e outros não. Uma mulher imensa de gorda, com a barriga pedindo misericórdia a Deus e as mamas de um volume descomunal, usava “fio dental”, tendo tomado a decisão de ultrapassar a barreira que separava os adequadamente vestidos, daqueles que se aventuravam na condição em que se apresentaram como vieram ao mundo.