sábado, 14 de dezembro de 2013

Os sinos e a ceia

De minha varanda descortino ao longe uma enorme árvore de Natal. Imagino que seja no bueiro da tacaruna. Não é! Não pode ser! É em outro lugar qualquer do hoje dos dias. A antiga, a que estava habituado a ver em minhas andanças, acima e abaixo, era do tempo de minhas filhas ainda pequenas. A mais velha dizia assim: “A ‘cacauna’ painho, a ‘cacauna’!”. E eu passava duas ou três vezes diante da chaminé iluminada. Foram anos fazendo isso, a cada dezembro e a cada novo janeiro. E essas lembranças são apenas recordações de um tempo que se foi!
 
Hoje tudo está bem diferente e é bom que esteja assim. Tenho por cá dois netos, nessa contabilidade da expansão parental. Um, com quatro anos, às vésperas dos cinco, foi à

Espanha resgatar as origens e rever os avós; os avós e os tios. A prima Isabela também. Já o vi nos braços da avó paterna dormindo, com a mesma intimidade que tem por cá.

Os sinos dobram e eu não os ouço mais. Estão muito distantes de mim. Só as mensagens que me chegam pelo celular trazem esses acordes mágicos do Deus menino. São reflexões necessárias do amor. Do amor que a fraternidade exprime. Nisso, a caridade, a maior de todas as virtudes, preside a cena dos esquecidos; dos esquecidos e só muito raramente lembrados. São os nossos irmãos menores, relegados ao nada das coisas, sem o pão de todos os dias e sem a ceia que há de juntar a família.
A minha filha segunda, Patrícia de prenome, já disse que tem uma cartinha de uma criança ao Papai-Noel. O que pede essa missiva infantil? Hei de comprar, seja muito

ou seja pouco!

minha filha mais nova, Ana Carolina, há de casar muito brevemente, antes que a sonoridade decrete o Natal. Faz essa união e não deseja festa, vamos jantar, todos juntos, a família dele e a dela, para abençoar esse casal que chega para o deleite da vida a dois, um banquete que faço votos vá ao tempo que o meu casamento já foi, 43 anos se pouco.
Deus abençoe a todos, a filhos e netos. Feliz Natal aos amigos e leitores.