domingo, 7 de dezembro de 2014

A Visita ao Parque


          Eu estava no aeroporto, aguardando o embarque para São Paulo, de onde escrevo agora, observando a gente que comigo esperava o pássaro de aço, como se dizia outrora. Pois é, caríssimo leitor, tudo mudou! Há muitos anos atrás, estive nessa mesma estação de passageiros levando um primo meu, porque uma viagem de avião era um acontecimento na família. E lá fomos nós, seus parentes, primas e primos, tias e tios, desejar-lhe boa viagem. Lembro bem que ele vestia paletó e gravata, sendo admirado por isso, por sua elegância, por seu porte. Acho até que os parentes de Campina Grande vieram para o embarque! Pois é, dessa vez notei que havia passageiros de bermuda, mal vestidos, quase diria, rasgados e sujos.

Mas, foi uma viagem ótima, embora às 22 horas, chegando em São Paulo ai pelas 2 horas da manhã, contando o fuso horário, que muda as horas do Recife pra cá. Por aqui, temos sido muito bem tratados (eu e minha mulher), pela filha e pelo genro, mas também pelo neto Pablo, às voltas com uma nova ida à Espanha, terra na qual viu o sol pela vez primeira. Ele está ótimo, em sua fase de menino aos 5 anos de idade, preparando-se já para novo aniversário, o que lhe deixa muito feliz e muito animado. O bom é que na escola em que estuda, o Colégio Internacional Anhembi Morumbi, já se pode concluir que é para a matemática as suas inclinações maiores. É capaz de fazer contas de cabeça, me diz o pai, meu genro, comparando o filho ao irmão, que continua por lá, na chamada Península Ibérica.

A beleza dessa aprazível viagem foi a ida hoje ao Parque do Ibirapuera, cujo bosque eu pensei que conhecia, porque tinha estado há muitos anos aqui. Não conhecia! Fiquei deslumbrado com o verde que se mantém assim, malgrado os prédios do entorno e sobretudo maravilhado com o espelho d’água, no qual nadavam patinhos, gansos e cisnes da mais bela plumagem. Aquilo lá é de tal forma relaxante, que se o passante sentar naquela beira e ficar apreciando as aves e a água que se movimenta ao sabor do nado dos animais anfíbios, com toda certeza há de receber os influxos dos espíritos do bem. Uma tranquilidade! Uns andavam, caminhavam nas pistas de Cooper, outros usavam a bicicleta como meio para gastar as calorias e havia quem apenas olhasse o ambiente em volta.

Na Avenida Paulista muita gente pra lá e pra cá, passeando e andando. Um movimento saudável, especialmente porque os ares estavam na faixa do verde; isto é, a poluição recuara um pouco, deixando em paz os viventes desse mundo de meu Deus. Depois, o almoço no Restaurante Mineiro, um tutu bem dosado e mais do que abundante, alimentando gregos e troianos. Assim é bom, vale a pena almoçar fora!

 
 
(*) Um texto escrito em São Paulo, a terra da garoa, na feliz hospedagem em casa de minha filha, merecendo a delicadeza de meu genro e os afetos de meu neto. O leitor que fizer essa leitura, pudendo, comente. O autor gosta disso!

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Perplexidade

Confesso que vivo uma fase de uma melancolia cívica. Todo dia se tem um fato novo a acrescentar, nessa cantiga da corrupção. Nunca vi, sequer em minhas leituras, tempo de tanta malversação do dinheiro público, como este. É voz corrente que não há no mundo nada semelhante, nada parecido. A empresa que levou o povo às ruas há meio século, numa vibração continua pelo petróleo, está ruindo à custa do roubo, do assalto à luz do dia. Com isso, atingem o suado dinheiro do brasileiro e o pior, inibem as atividades que poderiam melhorar a qualidade de vida do cidadão.

Onde estão as casas do projeto Minha Casa Minha Vida? A secretária aqui de casa, domiciliada na Ilha do Maruim, em Olinda, espera por uma unidade de um programa de moradia popular há mais de 8 anos e ainda deixam de pagar o auxilio a que tem direito. E sou eu quem assume o custo do aluguel. Quando a televisão mostra o povo invadindo os imóveis que estão prontos, à falta de habitação para morar, eu acho é pouco, porque representa uma revolta social, com a injustiça de não se oferecer casas ao segmento de população abaixo dos remediados da sorte. De que serve a Constituição recomendar diferente? Não se cumpre mesmo nada! Prova disso está agora nas démarches do Executivo, para que o Congresso permita maquiar a contabilidade do Governo. Pior não pode ficar!

Descubro que vivo uma recalcitrante perplexidade, com tanto coice e tanta patada dos que estão à frente das decisões. Parece até que somos os culpados pela inflação, que forjamos a roubalheira na Petrobras e estimulamos o mensalão. Dói saber que tanta gente trabalha o ano inteiro, dependendo do transporte público, para ganhar a miséria do salário mínimo e no fim não têm direito a nada, enquanto os grandes se refestelam numa falsa realidade. Moram em palacetes e comem caviar, bebem os whiskys finos e tomam as cervejas importadas ou os vinhos da Europa. Isso sim é pecado, roubar o dinheiro da gente simples, nadar em ouro, solapando os pobres e os miseráveis. Ou pecado, ainda, é esconder os números das estatísticas nacionais, empurrando para o tapete os dados da inflação ou as informações do balanço das empresas públicas.

Essas pessoas que usufruem dessa massa roubada, não lembram que caixão não tem gaveta e que depois da morte o caminho é um só, seja pobre ou seja rico.