domingo, 21 de abril de 2013

O Crime na TV

Assusta encontrar na programação de quase todas as televisões, espaços reservados à violência; espaços locais e nacionais. Horários que contemplam o crime, descrevendo em detalhes as ocorrências todas. As estações em UHF, ainda representam uma exceção à regra do sangue comandando o espetáculo. Programas como o de “Samir Abou Hana”, de variedades, fazem uma abordagem diversificada da cultura regional. Mas, há outros exemplos, mesmo nas televisões tradicionais. Ninguém discorda que “O Povo na TV” seja de utilidade pública maior, que roteiros de assassinatos ou coisas semelhantes. Estreou o “Cidade Viva”, uma esperança a mais de melhoria em nossos padrões.

Penso que mesmo com o esquema atual do crime e do assalto dirigindo as falas, há um aspecto positivo da violência que precisa ser abordado. Por exemplo, há alguns dias o historiador Luiz Otavio Cavalcanti escreveu um artigo demonstrando que a agressividade de hoje é menor que aquela da antiguidade e cita no texto mais de um estudioso do tema. Seria uma pessoa para um contraponto, em programas assim. Mesmo gente do governo, que pudesse no vídeo melhor explicar o registro que se tem da criminalidade em queda por aqui. Detalhes, digamos, do “Pacto pela vida”. Um José Luiz Ratton, desde cedo envolvido nesse esforço não se furtaria, imagino, às desejadas justificativas. Do mesmo jeito o Dr. Wilson Damásio, capaz de explicar os mais de 30 dias contados sem a ocorrência de um crime de morte sequer. São coisas positivas do grande negativo urbano: a violência.
Mas, intriga-me observar como são explicadas as cenas transmitidas, tal a riqueza de detalhes e tal a forma didática, que mais parece uma aula expositiva de uma pretensa universidade do crime e do roubo; uma academia do inteiramente perverso. Dessa forma, o marginal não se contenta apenas com sua imagem no vídeo, mais cuida em aperfeiçoar sua técnica, acompanhando as descrições televisivas. Dia desses uma rede mostrou como os bancos inovaram no quesito dos caixas eletrônicos, colocando o visor em lugar mais distante do corpo desses equipamentos, proporcionando ao crime organizado planejar-se para as futuras intervenções. Isso é péssimo! Não se deveria apresentar os avanços na prevenção dos assaltos, sob pena de fomentar o preparo dos ladrões.

Artigo de opinião publicado no Jornal do Commercio, no sábado, dia 20 de abril.Ilustrado com imagens da Internet. O leitor comente, se desejar, no espaço mesmo do Blog ou o faça para pereira.gj@gmail.com ou pereira@elogica.com.br