segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O fim do mundo - Impressões de viagem (I)

Extraordinária viagem essa, ao fim do mundo. Uma excursão de muitas lembranças e de um aprendizado incrível. O que foi, apenas, das lições de geografia ou de história, materializou-se aos meus olhos! Que beleza! Até a ecologia e o meio ambiente, de minhas leituras mais recentes, estiveram presentes naquelas peregrinações quase litúrgicas, aos cantos e aos recantos sagrados de preservação da flora e da fauna. Chegamos a Santiago já era noite, embora com o sol alto a iluminar a cidade e seus arredores. A urbe estava quente e foi por lá que visitamos a vinícola Concha Y Toro. Mas, valeu a pena ver, com esses olhos, as calçadas de Santiago, tão diferentes desses passeios no Brasil. Tirei uma fotografia para registrar o quanto se pode ganhar com esse equipamento urbano bem construído, forjado segundo os melhores princípios da moderna arquitetura. Dai por diante, foi só frio; frio de doer nos ossos. Nunca mais digo que em Aldeia faz frio! Mesmo que seja no pior dos invernos.
 
Difícil foi enfrentar a friagem de uma estação de observação de pinguins. Comprei de logo uma touca e um cachecol e me larguei com a máquina fotográfica à mão. Não fui muito longe, porque os 500 metros do guia da excursão transformaram-se em 1.500 e a temperatura me fazia tremer o tempo todo. Comentei com a moça da loja, num espanhol arranjado, que estava frio. E ela: "Hoje é um dia lindo de verão!". Bom, pode mesmo ser, mas de minha parte digo de pronto que quase vou ao desespero. Não vi muita coisa ou não vi pinguins que me saturassem os olhos, mas observei quatro dessas aves, duas a duas, como se guardassem os ninhos e as fotografei. Cumpri minha missão, disse com os meus botões, e voltei ao ponto zero.
 
O desgelo dos glaciais dava dó e medo, tal a repercussão, ao que se sabe, no clima da terra. Vimos por lá o conhecido Glacial Amália, derretendo e entregando ao mar pedaços de gelo de variados tamanhos. Quando descemos à chamada terra firme, visitando Ushuaia, ouvimos do taxista, Raul de prenome, palavras de admiração com o clima que vinha se estabelecendo. Foi ele quem disse: "O inverno no passado era mais intenso!". E a explicação de que as casas de telhados íngremes, cuja função no tempo do hoje não se aplicava mais, porque só muito raramente há neve e gelo a escorrerem nessas cobertas residenciais. O Parque Nacional está infestado por castores, que vieram de paisagens distantes, canadenses. E como não encontraram ali o predador natural - o urso -, têm se reproduzido de forma abundante, destruindo o que podem da flora. Achei muito interessante encontrar por lá exemplares do que chamam "zorro", creio que o equivalente à nossa raposa, passeando por entre os carros e os forasteiros que transitavam também. Beleza!
   
 Na volta o motorista nos convidou a chegar ao fim do mundo, uma passarela dava acesso a esse inusitado lugar e fomos lá, marcamos presença e vimos como termina este planeta em que vivemos.