segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Mudou o Natal...?

O Natal que vai chegando é o da virtualidade; o Natal digital ou o Natal online, como se diz no hoje das coisas. Significa que a informática, presente no dia a dia de toda gente e no cotidiano do mundo, responsável por muita coisa dos avanços experimentados pela humanidade, passou a presidir também a data reservada à aproximação das criaturas. Assim será com a fraternidade de agora, de 2011, que vai se exaurindo e de 2012, nascente, para os viventes que permanecem no banquete da vida.

No Recife, cidade dos rios e das pontes, que viu Maurício de Nassau com seu boi voador, uma rede de televisão potente, a maior de todas as redes, instalou uma árvore de Natal belíssima na fachada de um quartel de polícia. E duas vezes por noite, às sextas, aos sábados e aos domingos, projeta na mesma fachada um filme relativo ao nascimento do Cristo, mostrando aos passantes detalhes desse fato tão significativo. Um Deus que se fez homem, que nasceu do ventre de uma mulher, como todos os outros, veio para com o sofrimento trazer a redenção da humanidade.

E eu fui ver a iluminação da cidade com o meu neto, Pablo de prenome. Com isso, talvez repetisse o gesto de quase 40 anos atrás, quando levava as minhas filhas, inclusive a mãe dele, a primogênita de meus rebentos, para ver o espetáculo de luz e cor. Parecia que estava cumprindo o mesmo percurso – talvez até o fosse! –, buscando a iluminação do bueiro da Tacaruna, quando ela ainda dizia assim: a cacauna, painho! Vimos tudo que havia nas ruas. As coisas no quartel da polícia, ouvindo meu neto chamar: a pilícia, vovô! As estrelas que passavam rápidas no Palácio da Justiça e as que se sucediam na Secretaria da Fazenda. Que beleza!

Mas, em mim ficaram as outras festas natalinas, aquelas de minha infância e as outras, as de minha adolescência, sobretudo as dos anos de juventude. Quando era menino, bem menino, meu pai deixava os presentes em baixo da cama e uma vez comprou uma espingarda de rolha, à qual ele chamava de manuliche. Na minha fantasia, certa vez, acordei e disse que tinha visto o Papai-Noel às caladas da noite, entrando de mansinho e me deixando um lindo caminhão militar, com cobertura de lona verde e outras características das viaturas de guerra. Mais velho, nunca dispensei uma ida à Festa da Mocidade, pelo geral bem acompanhado, fosse com uma ou com outra. E não esqueço de uma sertaneja que me indagou quem era a moça que andava comigo: É uma prima muito tímida, daí o braço sobre os seus ombros. Foi a respota que dei, por muitos anos considerada inteligente pela gente de minha rua; a gente miúda.

E eu descubro que o tempo passou e passou rápido. Tenho saudade até dos anos em que levava minhas filhas à cidade? Isso não me impede de rememorar as palavras de Machado: Mudou o Natal ou mudamos nós? Tudo mudou, essa é que é a grande verdade!

Feliz Natal!

(*) Texto de uma manhã de segunda-feira, depois de ter ido ao centro conferir a iluminação de Natal e antes da chegada de meu genro Gonzalo, que vem passar conosco a noite de Festas; vem para ver o seu filho Pablo e completar a famíia que se reunirá em torno do perú. Repete-se aqui a tradição de muitos anos, de minha avó paterna acompanhando o morrer da ave e depois o cozimento com direito a todos os temperos. O leitor que terminou a leitura, comente no espaço mesmo do Blog ou o faça para os e-mails pereira.gj@gmail.com ou ainda pereira@elogica.com.br




 lli