segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

João da Minhoca, Zé Lezin e Bico de Ouro

Voltei agora (domingo à noite) de uma comemoração dos 42 anos de formado. A minha turma de medicina, considerando que o tempo já vai longo e que vez ou outra fenece um colega nesse carrossel da vida, decidiu assinalar a data magna a cada dois anos, fazendo uma festa maior nas chamadas datas fechadas. Assim tem sido! O grande “Biu Preto”, no encerramento da temporada, não descuidou e se pronunciou dizendo que os mortos já estão fazendo o mesmo no reino dos céus, isto é reunindo os colegas a cada ano, degustando a mariscada dos costumes e tomando a cerveja bem gelada dos hábitos corriqueiros. Depois precisou de lenço para exugar as lágrimas. 
Estiveram presentes 40 colegas, gente como o grande “Baré” e o nosso inquieto “João da Minhoca”, o “Jia” e o “Catarro”, sem falar na presença, também, de “Pluto” e do grande “Quase-Lindo”, ambos dados ao difícil mister da escrita. Impossível esquecer o “Fofa”, que nesse largo período de almoços, jantares e estadias em hotéis de luxo, nunca hesitou em comparecer. Faltaram alguns que há muito não chegam perto das comemorações. O “Chupa-Osso” lá não foi, o “Mongrô”, do mesmo jeito, mas o conhecido “Sulamita”, com suas digressões sobre o SUS, estava por lá e ilustrou o convescote. O nosso constante “Toinho da Cachorra”, também, prestigiou o momento. Fez falta o colega com cognome diferente: "Iracema". Homem hoje mais das finanças e das aplicações, que das incursões na seara da imunologia.  
Na hora do chorinho, a menina encarregada dessa velharia toda reuniu os antigos concluintes e prometeu que um passarinho sairia da máquina fotográfica, contanto que todos se juntassem e posassem para um retrato. Depois, venderam mais de 20 cópias. O ponto alto do encontro foi Getúlio Cavalcanti fazendo uma serenata de frevo, cantando sucessos pernambucanos desde a década de 20 até o hoje dos dias. Mas, antes dele, o “Zé Lezim” da Paraíba, fez um show que arrancou ruidosas gargalhadas da plateia. Ficaram algumas das piadas, mas uma dessas selecionei para o leitor atento: 
  •  "Na venda de seu Miro o empregado Vicente quase engole um rato. Ficou com o bicho na garganta, segurando pelo rabo. Nisso levaram o penitente ao médico, que tinha saído e o seu lugar estava ocupado pelo doido da cidade. O maluco viu o caso, estudou a situação e passou a receita. Não conseguiram despachar em cinco farmácias a que compareceram. Estava escrito: Passar queijo ralado na beira do cu. Comprar uma ratoeira e armar na junção das bundas. Comprar um gato e deixar de plantão no rabo do paciente." 
  • E quando os ponteiros do relógio se juntaram, decretando o meio-dia do domingo, o restaurante abriu. Diante de Brivaldo, não hesitei: “Tudo passa, meu caro amigo!”. E ele, sem entender bem a que me referia, balançou a cabeça afirmativamente. Antes nos reunimos para conferir os retratos e assistir a derradeira mensagem, a da despedida, “Biu Preto”, filho de “Chico da Manola”, levantou-se e invocou os encantados no infinito das coisas. Chamou nome por nome, ajuntando o apelido de alguns: “Bico de Ouro” e “Cachorrão” estavam no comando da turma dos encantados, dançando e frevando, comemorando também as mais de quatro décadas de convívio. As meninas da Bravo, a empresa de eventos, lideradas por Mônica, quase nos fizeram chorar outra vez, com palavras nascidas do coração para nos homenagear.
E mais uma festa se passou, um ano rodou na escala da vida e a esperança de novos encontros ficou.

(*) Uma crônica dando conta de um final de semana na santa paz do Senhor; tempo de lembranças dos começos e hora das reflexões. Texto que ofereço a Zília Codeceira, leitora atenta do espaço, que vendo a demora na atualização do texto, ligou e assinalou que já esperava desde ontem a nova crônica. Ótima companheira das digressões literárias. Comente o leitor no espaço mesmo do Blog ou o faça para pereira@elogica.com.br ou ainda para pereira.gj@gmail.com