quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Quatro décadas e meia

Algumas das esposas
Os 45 anos de formatura não poderiam ter sido melhores, porque se revestiram de um sentimento que me é muito caro: a afetividade. A afetividade e a proximidade marcaram os nossos dias, desde a quinta-feira, quando aconteceu a Missa, celebrada, aliás, por um jovem padre, sintonizado com a representação social da profissão de médico. Eu fiquei tão sensibilizado com o sermão do sacerdote, que comunguei. Não sei se fiz bem ou se fiz mal, mas a verdade é que me senti satisfeito e assim permaneci. Fui depois ao púlpito, por insistência dos colegas, e falei de nossa sagrada missão, a de salvar vidas e lembrei, atendendo ao padre, das inúmeras criaturas que passaram por nossas mãos.
Depois, em Porto de Galinhas, desfrutamos de três dias de aconchego, entre os nossos, pela manhã, à tarde e à noite. Que beleza, fiamos conversa esse tempo todo, lembrando, no mais das vezes, o que ficou de pitoresco de nossos convívios. Histórias engraçadíssimas, como aquela de uma prova oral e da pergunta de como se divide o pâncreas. O aluno, que não sabia de absolutamente nada, respondeu na chincha: “Cabeça, tronco e membros.”. Mas, o professor não ficou atrás e deu-lhe a contrapartida: “Leva ele e coloca numa bicicleta e vai dar uma voltinha por ai.”. Só nesse momento, no encontro, revelou-se a razão do apelido de Al Capone: por ser das Alagoas, terra de gente braba.
Com o padre na capela do Hospital
Pedro II.
Até de um piparote que deram no testículo de um colega e que lhe provocou um desmaio, lembraram. Sem falar no cognome de outro, Tripé; alcunha que não se confirmou, quando se viu o penitente nu, em pelo, como veio ao mundo. Numa prova oral de psiquiatria, o professor indaga ao aluno: “Meu caro: chega um doente na urgência com sinais nítidos de comprometimento mental, agressivo, o senhor o que faz?”. O aluno responde: “Amplictil, professor!”. Mas, o mestre insiste que não resolveu e o nosso examinando diz: “Um coquetel!”. Mas, isso, também, não satisfaz o mestre, que insiste mais ainda. E o aluno não tem dúvida: “Professor! Doido também apanha!”.

No púlpito - quase o padre!
A mais engraçada, porém, foi o esclarecimento definitivo dos motivos para o apelido de Marcelo Caçola. O nome é fictício, por hesitação de minha consciência. Mas, disseram que ele subia o elevador de anatomia e de repente uma colega, que hoje é uma médica conceituada, abriu a bolsa. Ele, então, ficou olhando fixamente e a doutora reclamou, com justa razão. Foi quando ele disse: “Só tem caçola!”. E por caçola ficou até os dias que correm. Um outro colega, já falecido no hoje dos dias, andou dificultando a subida desse mesmo elevador. Ai um circunstante aborrecido disse: “Elevador de defunto é outro.”. Como realmente era. E por defunto foi conhecido enquanto viveu!    
Mais do que tudo isso foi aquela da prova oral de bioquímica, na qual o professor indaga ao estudante: “Descreva o Ciclo de Krebs?”. Uma complexa rota metabólica utilizada pelo organismo humano para promover a oxidação e a degradação das substâncias nutrientes. O rapaz não sabia de nada e aproveitou a passagem na rodovia de uma carreta repleta de veículos para comentar: “Professor! Veja uma carreta cheia de fuscas.”. E o mestre, do alto de sua sabedoria, disse: “Nem de carro você entende! São automóveis da Crevolet.
E por ai vai!

Um comentário:

  1. Caríssimo Geraldo:
    Lendo sua crônica, bateu-me uma saudade danada do meu tempo de estudante. Há amigos que ainda encontro ou sei notícias, vivenciando essas amizades como grande presente da vida.
    Felizes os que têm o que recordar, os que ainda têm amigos para encontrar, nesse mundo de tantos desencontros. Mais felizes ainda, os que encontram em meio a lembranças e risos escancarados, a sua própria história. Parabéns!
    Que muitos encontros ainda possam vir, alegrando seus dias. Abençoados dias. Abraço.
    Lígia Beltrão

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