Meu adorado neto Pablo
Você ainda não sabe, porque é muito pequeno para entender
essas coisas, mas quem escreve costuma descarregar as emoções assim, produzindo
um texto que lhe console a alma, o espírito. É o que faço agora! O silêncio
aqui em casa dói em meus ouvidos e ontem, sem suportar mais a dor da saudade,
que está me roendo o coração, sentado, como estava, no sofá de couro da sala, o
mesmo em que nos sentamos tantas vezes e no qual você, meu querido neto,
encostava a sua cabecinha em meu ombro, sem entender a minha cantoria: “Encosta
tua cabecinha no meu ombro e chora...” e chorei. Chorei quase que compulsivamente,
afinal você se foi, tomou o avião da Gol, tão celebrada por você e foi
aterrissar em São Paulo. Acompanha, como deve ser, pai e mãe transferidos para
o Sudeste. Deus os proteja nessa jornada que ora se inicia!
Chamei a sua avó, ontem mesmo, sob a justificativa de tomar
um café e saímos. Eu não estava interessado na refeição, mas precisava sair e
desparecer, sair desse ambiente silente, sem sonoridade, porque tudo aqui
lembra você. E nós saímos! Depois assisti um filme e me fez falta não ouvir a
sua voz pedindo: “Vô, vem me colocar pra dormir!”. E eu ia, contava as mesmas
histórias que contei para as minhas filhas, para as três, falando sobre as
bruxas Alceia e Memeia, dizendo que havia um filho de nome Francisco Bruxooco e
recomendando assim: “Vire pra lá e cama!”. E você dormia! Se eu saísse ouvia a
sua reclamação: “Vô conta outra história!” E eu contava! Passei no Paço da Alfândega,
com ela, com a sua avó e nos lembramos da última vez em que estivemos ali, os três.
Assistimos a uma encenação do Natal e você se admirou muito com os atores
subindo e descendo pelas paredes do Shopping.
Interrompi esse texto duas vezes, meu querido neto, para
chorar. E estou ameaçado de interromper outra vez. Só por isso eu vou parar de
escrever. Deixar como está. Preciso acabar com isso! Enfrentar a falta, o
vazio, os quartos com as portas escancaradas, sem ninguém. A viagem se deu por
ser necessária e todos serão felizes em São Paulo. Pior seria!
Caro Geraldo, somos premiados por alguma entidade muito poderosa, quando ganhamos os netos.
ResponderExcluirNenhuma possibilidade temos de encontrar as palavras que representem o que sentimos por eles.
Eu compreendo vocês.
Tania Kaufman
Meu caro acadêmico Geraldo,
ResponderExcluirO poeta - dito popular - pernambucano (detesto essa designação, poeta é poeta seja um popular ou uma celebridade) Antônio Pereira, escreveu: "Saudade que tem presença, não é saudade, é lembrança / Saudade só é saudade quando não resta esperança. A saudade está dentro de você, amigo, mas a esperança, graças ao bom Deus, também está.Como se costuma dizer, "com um pulo" as asas o levarão pra junto do seu Pablo. O mais importante e que vocês estão juntos, com os corações um dentro do outro. Isso é tão bonito, quanto raro. Aproveite. Silvio Costa, o da UFPE.
Pai, nosso Pablinho faz falta para todo mundo. Ontem mesmo eu e João Paulo estávamos falando dele e da falta que ele faz.
ResponderExcluirNunca vou esquecer quando ele me pediu para desenhar um coração nele porque era a tatuagem da saudade.
Vamos logo programar nossa ida. É o jeito.
Geraldo,
ResponderExcluirSou capaz de imaginar a sua saudade. Dolorosa saudade....Desta, sofro eu. Existem também outras lembranças que nos incomodam e provocam em nós sintomas que nos fazem sofrer muito. Você é capaz de imaginar. Há o nosso pequeno núcleo e há o maior que, ameaçado e diferente daquele de outrora, nos deixa solitários, deveras solitários.
A sua saudade sentida e doída do seu netinho é terrível, mas faça dela, aos pouquinhos, a sua companheira. Saudade também pode nos fazer companhia.. Quando apertar demais, tome o avião e vá revê-lo. Não é tão longe e ele está bem presente.
Já me trabalho para uma saudade. É a pré-saudade. Mesmo vindo a morar no meu Bairo, vai me fazer falta, muita falta!!!!!!!!
Invente viagens, continue a produzir. Um dia, Pablo, volta e meia, virá ao seu lar!!!!!!!!!!!!!!!!!! É a saudade que tem remédio....
Eliana
Usando seu espaço para dizer que sua alegria também é de todos que visitam seu blog, os desconhecidos como eu que ao navegar na net nos deparamos com singelas homenagens que engradece a todos os Netos.
ResponderExcluirCaro acadêmico Geraldo:
ResponderExcluirUm dia, inevitavelmente, todos nós vemos os nossos baterem asas, rumo à liberdade. É o natural da vida. A saudade, essa dói e maltrata, feito um algoz que rodopia no ar seu chicote implacável, descendo sobre nosso coração choroso e inconsolável.
As mudanças, fazem-se necessárias para o engrandecimento de cada um. O tempo, haverá de consolar seu coração cheio de amor. Assim o desejo.
Abraço fraterno de Lígia Beltrão.
Prezado Dr. Geraldo,
ResponderExcluirEstou simplesmente emocionada com seu texto. Saudade é um bichinho que rói o coração da gente, mas uma hora aprendemos a conviver com ela. Desejo que estejam juntos o mais breve possível.
Um forte abraço,
Patrícia Medeiros