quinta-feira, 3 de julho de 2014

O Clube do Bolinha


Dia desses estava assistindo um programa de televisão, cujo titulo não guardei, quando falaram no Zorro, ficção dos meus anos de menino. Foi coisa rápida, mas de pronto imaginei que estaria ai um tema para uma crônica em meu Blog. Pois é, fui leitor assíduo das histórias Don Diego de La Vega/Zorro, uma versão do justiceiro social em meados do século XX. Lembro que esperava a minha mãe voltar da cidade, como se usava chamar o comércio do centro, para pegar as revistas que trazia, compradas na Avenida Guararapes, penso eu. O mascarado, montado em seu cavalo Silver e acompanhado de seu amigo Tonto, fazia sempre justiça, quando tinha os fracos e oprimidos na linha das maldades sociais, que persistem na sociedade de hoje.
Mas, dessas revistas todas, trazidas por minha mãe, porque não havia bancas nas ruas dos bairros, aquelas ligadas ao pato Donald e seus sobrinhos eram dos meus agrados, das minhas preferências para as leituras. Costumava sentar no alpendre de casa, recostado numa cadeira de madeira muito boa, para me entreter com as histórias da família do pato; da família e dos amigos. Era uma beleza! O tio Patinhas, conhecido por sua sovinice, exigia muito do sobrinho e não abria mão das moedas que guardava para nada. Era um horror! E o pior é que existe gente assim! Margarida encarnava a pata que se apaixonara pelo Donald e estava sempre atrás de um contato, que fosse. Mas, ao que saiba, nunca se acertaram.
 Havia, também, a revista da Luluzinha. Nessa publicação o companheiro dela, Bolinha, costumava aparecer disfarçado em toca-discos e assim circular pelos ambientes da ficção, sem ser identificado. Eles se escondiam, os dois, na companhia de Alvinho e de quando em vez contavam também com a participação ativa do Raposo, um mauricinho que se botava para os lados de Luluzinha. Ainda hoje se usa dizer, quando uma reunião é destinada somente a homens, que se trata do Clube do Bolinha. Esse personagem, portador já de uma obesidade quase mórbida, antecipando-se no tempo, mantinha na casa usada por eles a inscrição “Menina não entra!”. Um outro personagem era Glorinha, egoísta e orgulhosa, menina rica que esnobava diante dos outros.
O cachorro Pluto, que pertencia a Mickey, era um animal alegre e descontraído, amigo de seu dono e amigo de todos. Serviu pra mim na faculdade, porque esse foi o meu apelido na turma. É assim, na escola cada um tinha um cognome e quando eu saltei de um banco pra outro, no anfiteatro de anatomia, um colega que já morreu, disse: “Parece o cachorro Pluto!”. E por Pluto ficou até o hoje dos dias, nos encontros festivos com os colegas. Estamos nas proximidades já dos 46 anos de formados e quando nos encontramos costumamos assinar o nome de Batismo e o cognome ao lado.

(*) Esse defeito no Blog, avisado por alguns amigos e detectado por mim logo cedo, fiz tudo e não consegui superar. Peço desculpas, mas nada pude fazer!
        

3 comentários:

  1. Meu caro Geraldo:
    Que saudades da infância me trouxe o seu texto. Que alegria ler uma dessas revistas! Fui privilegiada, quando contava com os meus onze anos de idade, na escola onde estudava, lá em Garanhuns, ter um colega de sala, de nome Luiz, apaixonado por mim, soube disso quarenta anos depois, que todos os dias me presenteava com uma dessas revistas e uma rosa. Bons tempos!
    Há uns seis anos, indo à Garanhuns, fui visitar esse amigo num dos seus restaurantes e com muita alegria relembramos dessa nossa vida de crianças. Foi emocionante! Mais ainda, quando ele, com os olhos cheios de lágrimas confessou-me que eu fora seu grande amor. Por isso os presentes. Eu boba, nem havia desconfiado. Era desses amores, como o de Margarida e Pato Donald, Mickey e Miney, Luluzinha (que até hoje adoro) e Bolinha. Amor de criança que dura a vida inteira e quase nunca é confessado, ou retribuído. Reminiscências de um passado lindo e puro que fica impregnado na gente. No coração.
    Mais uma vez agradeço-lhe a emoção que passou-me seu belo texto. Abraço!

    Lígia Beltrão - Colunista Divulga Escritor

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  2. Ligia Beltrão: Belo comentário advindo de uma escritora que só nos faz ensinar. Parabéns. Fui cúmplice de algumas palavras suas, como as reminiscências das Revista, Gibis. Era uma época de pureza e de fantasias infantis. Ainda leio, quando o tempo me permite, a famosa Luluzinha. Abraços, Eliana Pereira

    O meu comentário sobre o texto de Geraldo, já fiz. Acho que o vento levou. Parabéns, irmão. Beijos

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    1. Cara Eliana Pereira:
      Fiquei feliz por sua menção a minha humilde pessoa. É emocionante quando temos recordações tão boas, arraigadas em nós e sabemos que este mundo encantado, guardado lá dentro, também é o mundo de outras pessoas, que o conservam tanto quanto nós. Já cheguei a chorar, lembrando que, ao casar-me há quarenta anos, deixei minha fabulosa coleção de revistas, que foi jogada fora. Mas guardo aquele tempo precioso na minha gaveta da saudade, de quando em vez fecho os olhos e vou buscá-lo e sem nenhuma pretensão sou mais feliz. Muito mais!
      Abraço com carinho,

      Lígia Beltrão - Colunista Divulga Escritor

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