
Estou em Madri! Chequei no dia de ontem! Espero por aqui o meu neto, Pablo de prenome. Vou rever a cidade e hei de passar no Museu do Prado e ao Centro de Artes Rainha Sofia , além do que realizar algumas pesquisas na Biblioteca Nacional de Espanha.
Lembrei da velha história – verdadeira, como indicam as evidências – que contava a minha avó paterna; a história da Nau Catarineta, quando um gajeiro sobe no mastro e grita, a plenos pulmões: Alvíssaras, Capitão, meu Capitão-General/Já vejo terras de Espanha, areias de Portugal. Foi o que vi: areias de Portugal e depois terras de Espanha. Mas, no aeroporto de Lisboa – não podia ser diferente – aconteceu o inusitado. É sempre assim! Comigo as coisas são, em tudo, especiais. Dispararam os alarmes do embarque. E o atencioso português logo indagou: “Falas português?”. Dei-lhe a resposta que desejava ouvir: “Sim! Desde a mais tenra e incompleta idade!”. E ele me revistou da cabeça aos pés. Até as partes mais vergonhosas foram examinadas. Eu parecia um traficante do morro do Alemão chegando à Lisboa de todos os fados. Cumpri, imóvel, o desiderato da hora. E o guarda foi testando o que encontrava, o cinturão e o suspensório, a caneta e as moedas. Passou a mão em mim todo. Fosse eu uma mulher, o acusaria de assédio. Fosse criança, o chamaria de pedófilo.
Viagem cansativa essa, pensava no trajeto, horas e mais horas – 6h30 de vôo – na aeronave, as pernas encolhidas, sem possibilidade de serem estiradas e a cabeça a mil, querendo “viajar” também nos ares da fantasia, lembrando outras passagens e projetando outros futuros. Foi quando me veio à mente um momento para mim de quase trágico e a comédia daquela hora. É que em 2005 passei 5 meses doente e terminei sendo operado da coluna, numa intervenção cujo sucesso devo a Geraldo Sá Carneiro, cirurugião de mão cheia e ser humano de um altruísmo invejável. Pois é, tive ocasiões de delírio e numa dessas situações, não sei porque cargas d’água, achei que estava em Lisboa. Depois de ter feito um curto trajeto de Kombi, estava numa sala na qual ia ser submetido a um ecocardiograma. Foi uma pândega!
Primeiro porque achei que estava tomando o lugar de um cachorro, o qual, marcado para entrar antes de mim, cedera a vez. Que coisa! Mas, deitado na mesa de exame e vendo chegar o profissional médico – meu colega então –, disse-lhe em bom português: “Colega lisboeta! Cheguei aqui em pouquíssimos minutos! E fico pensando o que diria Cabral, se disso soubesse, pois que levou meses para chegar ao Brasil!”. E o médico, perplexo com o que ouvira, nada conseguia responder, senão uma expressão evasiva: “O seu médico lhe dirá qualquer coisa!”. Depois, quando o exame começou a ser feito, a captação do ruído de meu coração era assim: “Au!. Au!. Au!”. Isso me fez lembrar o hipotético cão, o mesmo e que me cedera o lugar, e de forma compungida pedi ao colega: “Nobre colega! Atenda esse cão em seguida, ele me cedeu a vez!”. E o médico, enrolado, inseguro, entre medroso e admirado, repetia: “Converse com o seu médico! Converse com o seu médico!”. E sobre isso nunca conversei, confesso!(*) - Crônica escrita em Madri, usando o computador de minha filha, sem facilidade com o teclado e sem a ajuda do corretor automático do vernáculo. Comente aqui, neste espaço mesmo do Blog ou o faça para pereira@elogica.com.br ou ainda para pereira.gj@gmail.com






Dificuldades em viagens de avião, pode crer o leitor, é comigo mesmo. Tenho um sem número de histórias pra contar. Por isso, começo aqui com um passeio que fiz ao Rio de Janeiro, uma presença em certo congresso por dever de ofício. Na ida, sentava ao lado de velho amigo da Paraíba, que no aeroporto já acertara ficar no mesmo quarto que eu. Ora, não gosto dessas companhias de última hora, sou mais do isolamento noturno, mas não podia me negar ao pedido. Afinal, eu estava indo com passagens e hospedagem pagas e ele faria, somente, a complementação da permanência. O problema é que a aeronave no meio da viagem começou a perder altura e a gozação dele com os meus receios transformou-se em medo, quando o piloto informou aos presentes que aquela queda de 500 metros fora para reparar o ar condicionado do avião. Ora pau, disse de logo, quando chegar em casa vou jogar um equipamento desses do telhado em baixo para consertar.











